sexta-feira, 2 de março de 2012

O Divórcio e a Vontade de Deus



ACONSELHANDO À LUZ DA BÍBLIA

“Pastor, eu posso me divorciar?”
Este é, sem dúvida alguma, um assunto muito polêmico e delicado para se dar uma resposta “curta e grossa”, até porque existem casos e casos, e não conhecendo a fundo a situação verdadeira, os motivos que levaram determinado indivíduo à conclusão de que o divórcio é a melhor solução, as brechas que foram dadas, o que a outra parte tem a dizer sobre tudo o que aconteceu, e outra série de fatores, dizer um “sim” ou “não” é algo que somente o SENHOR pode fazer.

Mas, a Palavra de Deus nos dá uma base para toda e qualquer situação, pois ela é o Verbo (Logos) de Deus e Deus não nos deixou só. Por isso, posso resumir a questão de casamento e divórcio em dois termos: Vontade Permissiva e Vontade Efetiva.
REGRA GERAL
Apóstolo Paulo escrevendo aos coríntios declarou:
“Todavia, aos casados mando, não eu, mas o Senhor, que a mulher não se aparte do marido. Se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher”. (I Cor 7:10-11)
COMPREENDENDO A VONTADE DE DEUS
Vontade Permissiva – Deus “permite” o divórcio nos casos – e somente – de adultério ou viúves, uma vez que o novo casamento se dê com um “crente” no Senhor. (veja 1Cor 7:39; Rm 7:2-3; Mt 5:32; 19:9)
Vontade Efetiva – Embora Deus “permita” o divórcio nos casos de adultério, a sua “Vontade Efetiva”, contudo, não é a separação, mas a reconciliação cujos critérios essenciais são, do lado ofensor: o arrependimento, e, do lado ofendido: o perdão (Veja Mt 19:6 e 8; Malaquias 2:13 a 16). Podemos observar na Bíblia, que mesmo em casos de adultério a vontade efetiva de Deus era a reconciliação, uma vez que o próprio povo santo adulterava contra o SENHOR e ainda assim Ele o perdoava e buscava a reconciliação, como fora representado pela história de Oséias (leia Oséias, o livro todo).
E esta reconciliação se dá mediante:
* Desejo de fazer a vontade de Deus;
* Desejo de perdoar ao outro e a si mesmo;
* Arrependimento dos dois lados (do que adulterou e do que deu brechas para que isso acontecesse, quando for o caso);
* Diálogo (Fator imprescindível);
* Aconselhamento com os líderes ou conselheiros da igreja;
* Humildade;
* Intercessão pelo cônjuge afastado;
* Intercessão pela restauração matrimonial;
* Intercessão pala unidade e equilíbrio familiar;
* Amor, Perseverança e Fé.
CONSEQUÊNCIAS DA VONTADE DE DEUS
Embora haja uma “permissão divina” para a separação e novo casamento (somente nos casos de adultério e ou viuvez, onde o novo casamento se dá com um “crente”), as conseqüências dessa decisão trarão algumas limitações e ultrajes:
1) A pessoa casada segunda vez, não poderá ter cargo eclesiástico na Igreja de Cristo, (obreiro, diácono, pastor, presbítero, etc…), uma vez que ela não terá em si o testemunho nem respaldo para aconselhar casais em crise (1Tim 3:1,4,5; 3:12).
2) Seqüelas na educação e formação do caráter dos filhos.
3) Tribulações no novo casamento, devido as seqüelas da anterior aliança que foi quebrada (Um vaso quebrado e remendado nunca será igual a um vaso novo), trazendo cobranças, inseguranças, comparações, e outros fatores.
Nós temos de Deus aquilo que Ele “permite-nos” fazer, e aquilo que Ele “gostaria” que fizéssemos. Daí vai do coração de cada um, da intimidade e da comunhão de cada um com Deus, e da PAZ que o Espírito Santo nos dá em relação as nossas decisões (Paz esta que se dá não somente mediante a nossa consciência, mas em respaldo a Palavra de Deus).
UMA EXCESSÃO À REGRA
Paulo ainda falando aos coríntios acrescenta um parecer pessoal, não dado como mandamento, mas como alguém que conheceu a “vontade efetiva” de Deus sobre o divórcio quando um dos cônjuges se converte e o outro não. Vejamos:
“Mas aos outros digo eu, não o Senhor: Se algum irmão tem mulher descrente, e ela consente em habitar com ele, não a deixe. E se alguma mulher tem marido descrente, e ele consente em habitar com ela, não o deixe. Porque o marido descrente é santificado pela mulher; e a mulher descrente é santificada pelo marido; de outra sorte os vossos filhos seriam imundos; mas agora são santos”. (1Cor 7:12-14)
Obviamente que Paulo não poderia dizer que era mandamento de Deus não se divorciar, quando o próprio Deus, respeitando o livre arbítrio do homem (e a dureza de coração deste) já havia consentido o divórcio nos casos de adultério, através da Lei mosaica. Isso demonstra o caráter e o temor de Paulo em não dizer na sua aversão ao divórcio: “Assim diz o Senhor” para aquilo que o Senhor não disse, embora deseje.  nfelizmente muitos cristãos hoje não têm esse caráter e temor e muitos se deixam levar por suas próprias convicções e preconceitos, buscando colocar um jugo pesado sobre as pessoas, quando Deus não ordenou, e constantemente dizem das suas concupiscências e falsa religiosidade: “Assim diz o Senhor”.
CONTINUANDO
Mas, se o descrente se apartar, aparte-se; porque neste caso o irmão, ou irmã, não esta sujeito à servidão; mas Deus chamou-nos para a paz. (v. 15)
Paulo está ensinando que a pessoa que se converte deve lutar (com as armas do Espírito e não da carne) para que o seu cônjuge alcance a salvação, resultando numa comunhão plena de paz e harmonia no seu lar e aos seus descendentes (filhos) e ministre sem palavras um testemunho do poder reconciliador e transformador de Deus. E este princípio de fé é tão importante que Deus institui-o como condição sine qua non para o exercício do ministério pastoral e o diaconato. (ver 1 Tim 3)
A conjunção adversativa “mas” que inicia o versículo 15 pode ser substituída por uma locução adversativa “ainda assim”, por exemplo. Parafraseando o versículo:
Mas se ainda assim, depois de tudo, de lutar com todas as armas que Deus deu e estar em paz de que fez de tudo para salvar essa união o seu cônjuge descrente não quiser permanecer ao seu lado por você ser crente, e ele quiser ir embora por não querer comungar dessa mesma fé, então deixe que vá, pois Deus está te dando um livramento.
Ainda assim, o versículo não fala nada sobre um possível segundo casamento, apenas sobre a posição de estar separado (por decisão da parte descrente) sem sentir-se condenado ou frustrado.
Agora, muitas vezes o irmão ou irmã vive uma vida mais religiosa do que espiritual, deixando de lado suas responsabilidades matrimoniais e do lar com a desculpa de “estar cuidando primeiro das coisas de Deus” (como se a família não fosse plano de Deus) e acaba matando a relação (que é nutrida por aquilo que temos de mais precioso: o tempo) às vezes de forma até premeditada e usa isso como “desculpa” para o divórcio culpando o outro de ser incrédulo e de estar contra a sua fé (pra não dizer religião) quando na verdade o problema está na falta de entrega (do seu tempo, cuidado e carinho) de um ao outro (principalmente do homem em relação à mulher), na falta de submissão (no caso da mulher em relação ao homem), e na falta do diálogo sincero, fatores essenciais para um casamento feliz e abençoado.
E achamos com isso, que Deus se preocupa com o formalismo dos mandamentos e não com a essência do mesmo. Isto é o que a Bíblia chama de “farisaísmo” que é interpretar a Bíblia tendenciosamente e não segundo a essência da mensagem e da inspiração.
Mas, se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé, e é pior do que o infiel. (1 Tim 5:8)
O insensato – aquele que tem falta de temor a Deus – levado pela fraqueza de caráter, pelas tentações, e por suas próprias concupiscências, usa artifícios da Lei de Deus (rudimentos) para se promover no erro (tal como o que usa do formalismo da lei do Estado para cometer atos ilícitos), e acha que Deus não vê. Mas, o sensato, busca acima da liberdade da Lei de Deus, conhecer a essência da mesma, e, por conseqüência, a vontade efetiva de Quem a prescreveu.
PRIMEIRO PASSO ANTES DE TOMAR QUALQUER DECISÃO
Embora o dito popular ensinar que “se conselho fosse bom, ninguém daria de graça” e que “em briga de marido e mulher não se mete a colher” a Palavra de Deus, por sua vez, nos aconselha a buscarmos a orientação de pessoas sábias (Prov. 11:14), portanto, nada mais certo do que o indivíduo buscar conselhos com os “presbíteros e anciões” da Igreja, aqueles que estão em posição da autoridade e que têm em seu testemunho de vida, os requisitos fundamentais para aconselhar, dentre os quais eu destaco:
* Irrepreensível;
* Marido de uma mulher (casado uma única vez);
* Vigilante;
* Honesto;
* Apto para ensinar (mestre nas Escrituras);
* Não contencioso;
* Não avarento;
* Que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com toda a modéstia (Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?);
* Não neófito;
* Bom testemunho dos que estão de fora (não cristãos, vizinhos, colegas, etc);
* Não de língua dobre;
* Guardar o mistério da fé numa consciência pura;
* Ter sido primeiro provado, depois aprovado.
I Timóteo 3:1-12
Não estou dizendo, com isso, que qualquer discórdia você tenha que correr para o aconselhamento, de modo algum, e fazer assim na verdade pode arruinar o casamento, uma vez que aquilo que poderia ser resolvido entre o casal torna-se pejorativamente público, exposto a mais problemas ainda. O aconselhamento vem quando as duas partes não encontram mais a solução sozinhas. Daí a necessidade de buscar uma palavra de sabedoria no aconselhamento pastoral.
Muitos não sabem, mas muitos problemas do casamento provêm de relações anteriores, de práticas sexuais ilícitas, de pornografia, do sexo antes e fora do casamento, da prostituição dentro do casamento (e não estou falando de adultério, mas da prostituição [concupiscência da carne] que se comete com o próprio cônjuge) e tudo isso traz seqüelas, feridas na alma, traumas, revoltas, e tantas outras coisas que devem ser tratadas, começando pelo diálogo, confissão, arrependimento (que é a consciência do erro e a mudança de direção do pensamento errado para o certo), atitude, consagração e, em último caso, mas não menos importante: ACONSELHAMENTO.
O PROBLEMA DO LITÍGIO
O cristão que está em crise e que tem pendências com outros, seja no casamento ou em qualquer outra área de sua vida, não deve buscar aconselhamento fora da igreja nem de cristãos neófitos (novos na fé) ou que não tenham em si o testemunho acima mencionado, exceto nos casos em que a intervenção jurídica (cível) seja necessária, mas não antes de passar primeiro pelo aconselhamento da igreja. (ver 1 Cor 6:1-8)
SUBMISSÃO AS AUTORIDADES
Se há uma tentativa em esquivar-se de conversar com a liderança da sua igreja ou a precipitação a não aceitação de sua resposta, então devemos pensar antes se é a nossa intimidade que estamos tentando preservar ou se estamos fazendo algo que a nossa consciência nos condena e sabe que se vir a luz terá que ser tratada.
“Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz, e não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas. Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” (João 3:20-21)
Infelizmente há casos em que o líder ou conselheiro não está qualificado para ministrar outros, como por exemplo, aquele que foi constituído pela igreja como ministro de Deus sem ter as qualificações que Paulo recomenda ao pastor Timóteo que ele observe antes de consagrar alguém ao ministério; ou aqueles que mesmo numa posição de liderança, estão claramente demonstrando em seus frutos a falta de comunhão com Deus e a falta de conhecimento da Palavra de Deus (Sua Vontade Efetiva), e neste caso, seria conveniente que o irmão ou o casal procurasse um outro líder ou ministro de Deus, que comungue da mesma fé cristã evangélica e que, obviamente, tenha no seu testemunho os requisitos acima mencionados.
Quem quer obedecer a Deus e fazer a Sua Vontade Efetiva se submete às autoridades que Ele constituiu (que são claramente reconhecidas por seus frutos e não especificamente por seus títulos), mas quem não quer se submeter à Vontade de Deus sempre irá procurar alguém que concorde com suas decisões cuja própria consciência em si já o condena.
Examinar a Palavra de Deus é sinal de nobreza! (Atos 17:11)
E sujeitar-se a Ele é a melhor decisão! (Salmos 111:10; Jó 28:28)
MAS, E QUANDO O AMOR ACABA?
Recentemente ouvi uma palavra do Pr. Silmar Coelho, que define claramente essa pergunta. “A segurança de um casamento não está no amor (sentimento), mas no ‘voto’ que foi feito”.
Parece insensível falar assim, mas a verdade é que quando casamos, a primeira aliança que fazemos é com Deus e não com o cônjuge. Nós subimos ao altar e dizemos a Deus que estamos fazendo uma aliança diante Dele e dando a nossa palavra de que não importa o que aconteça, nós estaremos juntos (na riqueza e pobreza, alegria e tristeza, saúde e doença…) onde somente a morte poderá nos separar, resultando assim no cumprimento total de uma aliança. E nós damos a nossa palavra a Deus que faremos isso. A diferença entre os votos de um cristão e um não cristão não difere diante de Deus uma vez que Ele não faz acepção de pessoas. A diferença está naquele que tem o seu “sim = sim” e “não = não”, o que supostamente deveríamos encontrar no caráter de alguém que teme a Deus.
Eclesiastes 5:4-5 diz:
“Quando a Deus fizeres um voto, não te demores em cumpri-lo, porque Deus não se agrada de tolos; o que votares, paga-o. Melhor é que não votes do que votares e não cumprires… e não digas diante do “anjo” (mensageiro. sacerdote diante de quem fez o voto, seja um padre, um pastor, etc) que foi engano. por que razão se iraria Deus contra a tua voz, e destruiria a obra das tuas mãos?”
Quando temos essa consciência e esse entendimento de que quando casamos criamos um cordão de 3 dobras (você+Deus+cônjuge) percebemos que Deus estava junto na aliança e que quando esta é quebrada então é quebrado um juramento feito a Deus também.
Muitos casamentos acabam porque houve exatamente uma quebra de aliança, mas não com o cônjuge, e sim, com Deus. Vamos a igreja diante de testemunhas e na presença de Deus (representado geralmente por um sacerdote) e fazemos uma aliança (voto) com Deus e com o cônjuge. Mas por não ter um compromisso com Deus nós não o honramos e o cordão se torna de apenas 2 dobras com muito mais chance de arrebentar. Então, quando o casamento acaba, na verdade ele começou a desabar desde que Deus saiu da aliança.
Engraçado que muitas vezes quando estamos passando por lutas e privações (privações mesmo, não provações), logo abrimos Malaquias 3 e reivindicamos diante de Deus nosso direito a uma vida próspera, dizendo: “Deus, eu não aceito isso, pois eu sou dizimista fiel!”.
Em outras palavras, estamos lembrando a Deus que nós temos uma “aliança” um “voto” com Ele (neste caso, o voto de ser dizimista) e estamos dizendo ao Senhor que nós temos cumprido a nossa aliança com Ele, e queremos que Ele cumpra a parte Dele, da aliança, nos fazendo prosperar.
Mas, achamos que o profeta Malaquias só fala dessa aliança, enquanto na verdade Deus relembra o povo de várias alianças, e, no capítulo 2:13-15 há uma outra aliança, que por vezes é quebrada e impossibilita Deus de cumprir a sua parte, uma vez que esta foi rompida pelo homem:
“Ainda fazeis isto outra vez, cobrindo o altar do SENHOR de lágrimas, com choro e com gemidos; de sorte que ele não olha mais para a oferta, nem a aceitará com prazer da vossa mão. E dizeis: Por quê? Porque o SENHOR foi testemunha entre ti e a mulher da tua mocidade, com a qual tu foste desleal, sendo ela a tua companheira, e a mulher da tua aliança. E não fez ele somente um, ainda que lhe sobrava o espírito? E por que somente um? Ele buscava uma descendência para Deus. Portanto guardai-vos em vosso espírito, e ninguém seja infiel para com a mulher da sua mocidade.”
Deus termina o capítulo, dando Seu veredicto final sobre o divórcio:
“Porque o SENHOR, o Deus de Israel diz que odeia o repúdio, e aquele que encobre a violência com a sua roupa, diz o SENHOR dos Exércitos; portanto guardai-vos em vosso espírito, e não sejais desleais.” (v. 16)
Antes de abrir Malaquias 3 para reivindicar a Deus seus direitos, leia os outros capítulos também e veja se você tem verdadeiramente cumprido os seus votos com Deus, para que ganhando de um lado, não perca do outro, como um saco de dinheiro furado.
O que estou querendo dizer com tudo isso, é que a base de um casamento não deve ser o “sentimento” (embora ele seja o combustível), mas sim, a responsabilidade de cumprir um voto que foi feito diante de Deus e para Deus, juntamente com seu cônjuge. Se o amor acabou é porque talvez alguém (ou os dois) tenham retirado a terceira dobra do cordão, a dobra principal, a aliança feita com Deus.
Quebrar uma aliança com o cônjuge é quebrar um voto que foi feito a Deus, seja feito por meio de uma cerimônia ou por um simples “eu te amo”.
Certa vez um pastor disse: Quando você diz a outra pessoa: “Eu te amo” e depois você a deixa, na verdade você mentiu para ela, porque quando você disse “Eu te amo” aquela pessoa passou em seu coração a projetar toda a sua vida com você” e quando você quebra essa aliança, você iludiu e frustrou todo um sonho. Quantos depois do divórcio se matam. Por que? Porque desde o dia em que foi feito um voto diante de Deus, (tenha tido cerimônia ou não) a sua vida toda foi projetada para viver “dois em um”. E quando essa aliança é rompida já a pessoa não sabe mais como viver. É como um passarinho que foi pego ainda no início da vida e criado em cativeiro. Depois de grande se você o jogar na mata para viver a vida dele, para que ele seja livre, então na verdade, você o mata. Porque o que foi criado num cativeiro aprendeu a depender de outrem, e quando solto “sozinho” na selva, ele não sabe viver e morre.
Da mesma forma quando casamos, aprendemos a ser dependentes um do outro, e quando proclamamos liberdade (divórcio) nos expomos aos perigos da vida selvagem e expomos também o outro.
Deus criou o homem para formar uma família, e, embora o homem já tivesse Deus como seu amigo, ainda assim, Deus viu o homem só e disse: “Isso não é bom” (Gen. 2:18)
Quando fazemos uma aliança de casamento, Deus é o primeiro a sonhar um projeto para a duração desse lar, pois antes do homem, já era vontade de Deus que este vivesse em família. Quando quebramos essa aliança, destruímos os sonhos de Deus, aquilo que Ele projetou para nós como família, e por isso é que Deus odeia o divórcio.
Quando a comunhão com Deus é restaurada, o Amor renasce, como a árvore cortada que torna a estender suas raízes e brota novamente. Quando colocamos o “Amor” em primeiro lugar, antes da “Aliança” com Deus, então é como regar uma flor que não foi plantada, que não tem raízes.
E este é outro motivo pelo qual muitas pessoas quando em meio a crises matrimoniais ou mesmo divórcio, vão a igreja buscar a Deus para restaurar essa aliança, mas não conseguem, porque não entendem que o principal da aliança que foi quebrada, era a comunhão com Deus e buscam não aliançar-se com Deus, apenas que Ele restaure uma aliança da qual Ele não faz parte.
Não fomos criados para sermos independentes, mas dependentes de Deus e co-dependentes uns dos outros. O único que quis ser independente foi separado de tudo o que o podia torná-lo completo, sim, satanás, ele quis ser independente, e hoje vive em profunda solidão e trevas e desde que caiu buscou levar outros consigo. Foi assim que ele enganou Eva, oferecendo-lhe independência (ser como Deus) o que lhe trouxe separação de Deus.
O divórcio é a vontade de satanás. A reconciliação e a harmonia do lar é projeto de Deus.
POR QUE O AMOR ACABA?
A maioria dos problemas conjugais, quando da parte do homem, está quase geralmente ligado a vida sexual do casal, enquanto que em relação à mulher, está quase sempre ligado ao emocional. Dentre tantos, destaco aqui três importantes fatores de grande influência: Qualidade de Tempo. Afetividade e Toque.
Descrever aqui os diversos fatores que geram discórdia e contribuem para o divórcio, tanto da parte do homem como da mulher, certamente precisaria de várias páginas, uma bíblia do casamento, por isso, vou abordar apenas alguns fatores que creio serem os mais repetitivos na vida conjugal.
O TOQUE
O toque, é talvez, uma das maiores expressões de afetividade entre os seres humanos. O bebê ainda no ventre da mãe, sente o carinho dela e do pai ao tocar a barriga, a mãe ao dar a luz se sente protegida ao dar a mão ao esposo, o filho pequeno sente segurança ao dar as mãos aos pais quando estão na rua, o colo da mãe faz-se refúgio para o filho mais valente e robusto, o carinho dos namorados acende a reciprocidade do amor, até o carinho nos animais os torna mais dóceis. Amigos que têm intimidade se tocam freqüentemente numa conversa, seja por um aperto de mão, ou por um abraço.
No casamento não seria diferente. O toque é fundamental tanto para o homem quanto para a mulher, tanto para expressar carinho como desejo, logo o toque deve ser expressão de carinho, não forçado, não somente na relação sexual, mas como parte do dia-a-dia do casal.
O toque entre amigos é diferente do toque entre um casal. Há toques que expressam desejos, há toques que expressam carência, há toques que expressam malícia e há toques que expressam cordialidade. Por isso, cuidado com os tipos de toques que você recebe de outras pessoas, pois eles podem trazer problemas ao seu casamento e um ciúme não saudável à relação.
Casamentos terminam porque num momento de desavença do casal, um deles recorre carentemente ao “toque afetivo” de um amigo ou amiga, toque as vezes que gera um pseudo-sentimento de paixão, trazendo confusão e separação, pois a pessoa sente-se “amada” e “amparada” por aquele amigo ou amiga (sentimento que não tem sentido ultimamente da parte do seu cônjuge) e isso pode trazer a impressão de que aquele amigo ou amiga seria melhor para você do que o seu cônjuge. Além de estragar uma amizade (pois aquele amigo ou amiga que também é carente e sente reciprocidade sua acaba se entregando a este pseudo-sentimento) você põe em risco a aliança que você um dia fez diante de Deus.
Este também é outro motivo pelo qual nas igrejas os líderes (os que têm bom senso) orientam seus ministros a não fazerem aconselhamentos com pessoas do sexo oposto sem estar devidamente equiparado de seu cônjuge (tanto o ministro, como a pessoa ministrada, neste último caso, quando é casada ou quando é possível trazer seu cônjuge). Resumindo: homem ministra (aconselha) homem, mulher ministra (aconselha) mulher, e casal ministra (aconselha) casal.
Quantos casos você já não ouviu da irmã ou irmão que fugiu com um obreiro ou obreira, com o pastor ou pastora, e vice-versa, do irmão que se apaixonou pela irmã que estava ministrando (e era casada) e vice-versa, ou do irmão ou irmã casado que se apaixonou pelo irmão ou irmã, crente ou incrédulo, que estava ministrando? Tudo porque não houve um cuidado na hora de orientar os ministros e os membros, uma vez que todos somos seres emocionais, temos momentos de lutas no casamento e somos por natureza carentes de afetividade.
É por esta razão também que as epístolas pastorais do Novo Testamento advertem que tanto os obreiros como os pastores (que são os que devem aconselhar) sejam casados e bem casados, e casados apenas uma única vez e que tenham o testemunho de Cristo no seu casamento, tanto pela observação de outros cristãos como também dos que estão a sua volta mesmo dos incrédulos, exatamente para que não haja brechas de carência de afetividade e acabe caindo em adultério ou prostituição.
DA NECESSIDADE DO HOMEM
Diferente da mulher (salvo exceções), o instinto sexual masculino está mais ligado a questões hormonais do que de afetividade, embora um seja complemento essencial do outro. O homem sente a necessidade fisiológica de fazer sexo com muito mais intensidade que a mulher. O homem consegue fazer sexo sem necessariamente sentir afetividade, mas quando assim acontece, a falta da afetividade gerará futuros problemas ao homem, de ordem emocional, embora o sexo continue a ser suprido. A mulher sábia reconhece a necessidade de seu esposo sem que ele precise exprimi-la diretamente, e, tem o entendimento de que seu corpo não pertence mais para servir a si mesma, mas ao seu marido. Da mesma sorte o marido sabe que seu corpo não serve para dar prazer a si mesmo, mas a sua esposa, portanto, cada um oferece o seu corpo, a sua energia e disposição em favor da satisfação do outro e não de si mesmo.
“A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o marido; e também da mesma maneira o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher”. (1Cor 7:4)
E para as mulheres que acham que isso é coisa do velho Paulo machista, a Bíblia nos diz que Deus foi quem constitui assim:
“… e o teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará.” (Gen. 3:16c)”
Faltaria espaço para escrever da falta de diálogo, da “desfeminização” da mulher quando se torna mãe, das amizades prejudiciais no casamento, dos intrometimentos de terceiros na relação (amigos, sogros, parentes, etc…), da carência sinestésica (falta do toque, carinho, contato físico), qualidade de tempo, dentre tantas coisas as quais quem sabe abordarei futuramente numa continuação do assunto.
Em suma, a insatisfação sexual do homem (e também a carência de afetividade), a falta de iniciativa da esposa e a sua passividade em busca da satisfação do esposo são freqüentemente a causa primordial das adversidades no casamento, por parte do homem.
Reinhard Bonkke certeza escreveu em seu livro “Evangelismo por Fogo”, numa abordagem sobre lealdade a Deus, a seguinte frase:
“A lealdade não espera ordens.”
Não espere seu esposo lhe dizer o que fazer, descubra nas entrelinhas do relacionamento o que ele está dizendo, mesmo de lábios fechados.
Tudo isso contribui para a extinção do amor (Eros) entre um casal.
Versículos para a mulher meditar: Prov. 31:10-31.
DA NECESSIDADE DA MULHER
Como já comentei, as mulheres por vezes têm necessidades diferentes do homem, no casamento. A mulher é mais emotiva, mais sensível, mais delicada, e suas necessidades envolvem maior atenção, maior dedicação e maior entrega de si mesmo a seu favor.
A Bíblia diz que o esposo deve amar sua esposa, com um sentimento de entrega a seu favor, da mesma forma que Cristo amou a igreja e se entregou por ela. (Efésios 5:25).
Este amor de entrega ultrapassa o amor sexual (Eros) e deve alcançar a intensidade do amor de Deus (Ágape). O amor “Eros” consiste na satisfação sexual, amor “Ágape” por sua vez, consiste no sentimento de entrega em favor de outro. E entrega significa “Renúncia”.
A principal renúncia que um homem deve fazer em favor de sua esposa, é o egocentrismo. Geralmente o marido espera que a esposa satisfaça suas necessidades e ele acredita que a satisfação dela é atender essas necessidades.
A mulher tem a necessidade de ser ouvida, de compartilhar seus sonhos com o seu esposo e espera que ele não somente “a ouça enquanto ele vê televisão e acena com a cabeça”, mas que ele ouça e interaja com ela, que seja seu cúmplice, ainda que ele não possa fazer nada para realizar seus sonhos, mas que sonhá-los juntos.
O homem por sua natureza egocêntrica (que em Cristo precisa morrer) é exigente e faz questão de externar a esposa quais as suas necessidades e vontades e também expressar o que não gosta, o que o ofende, mas raramente perguntará a esposa o que ela sente, o que quer, o que ela gosta e o que ela não gosta. Tornam-se assim duas pessoas que não se tornaram “um” conforme o mandamento de Deus, ou que se tornaram “um” apenas na aliança de dois corpos, mas não de dois corações.
Não é apenas ter “tempo” para ela, mas “qualidade de tempo”. É desligar a TV para ouvi-la contar suas histórias, é deixar as vezes de fazer o que se está fazendo para ouvi-la e interagir junto.
Se a mulher quisesse simplesmente ser ouvida sem a necessidade de interação, ela não casaria, ela compraria um gravador de som que sempre ouve e não diz nada, ou faria algumas sessões de terapia com um psicólogo ou psiquiatra que ganha por hora e não tem pressa alguma em terminar de ouvi-la.
Saber entender o silencio da mulher é deixar de dar atenção às próprias vontades para ouvir aquelas que sua esposa grita no silêncio dos lábios.
É deixar de querer viver como solteiro dentro do casamento e assumir o papel de ser “um” com ela. A esposa deve ser sua melhor amiga, sua confidente, sua metade, sua namorada, seu jardim, a primeira a saber, a que toma as decisões junto (embora não necessariamente a que dê o veredicto das decisões).
O fator Qualidade de Tempo (não apenas tempo) é um dos principais para a ruína de um casamento bem sucedido, por parte da mulher.
Versículos para o esposo meditar: Salmos 128.
A ALIANÇA COM DEUS – A BASE DE TODO CASAMENTO FELIZ
Acima de tudo, o melhor esposo é aquele que teme ao Senhor, aquele que tem aliança com Deus, aquele que fez do temor do Senhor a sua sabedoria. Aquele que não tem aliança com Deus, que não o teme, não pode de forma alguma ter o mesmo amor (ágape) que Cristo que teve pela igreja a ponto de renunciando a si mesmo, entregar-se em favor dela.
O homem que não tem aliança com Deus não consegue sacrificar o seu egocentrismo para viver em favor do outro. Por maior que seja o seu amor por sua esposa, será ainda um amor (Eros) ou mesmo um sentimento às vezes doente, porque somente aquele que conheceu a Deus conheceu o verdadeiro Amor (Ágape).
“Amados, amemo-nos uns aos outros; porque o amor é de Deus; e qualquer que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus; porque Deus é amor.” (1 João 4:7-8)
A mulher sábia é aquela que edifica a sua casa, seu casamento, seus filhos, com sabedoria. Sabedoria essa que somente Deus pode dar e Ele a dá as mulheres que O temem.
“Enganosa é a beleza e vã a formosura, mas a mulher que teme ao SENHOR, essa sim será louvada.” (Prov. 31:30)
E esta mulher, que edificou sua casa sobre Cristo – a Rocha – tem a promessa de que nem ventos, tempestades ou enchentes poderão destruir a casa cuja alicerce é o próprio Deus.
Da parte de Deus recebem a promessa de um lar bem ajustado e feliz, não isento de lutas e desavenças, mas com a certeza de que todas essas barreiras serão vencidas pois a dobra do meio, do cordão de 3 dobras não se arrebentará ainda que as outras dobras se enfraqueçam, Ele as segurará e as fortalecerá novamente.
Quando soube que iria casar, a primeira coisa que fiz foi gravar em minha aliança de casamento e na da minha esposa também, a seguinte inscrição: “meu nome-Jesus-nome da minha esposa”. Por quê? Uma simpatia? De modo algum. Mas porque era isso que determinei junto com minha esposa viver: uma vida onde Jesus seria o elo, o centro da nossa aliança, um cordão de 3 dobras.
Até hoje, por onde passamos, diante de todos que nos cercam e mesmo dos que não nos conhecem, somos conhecidos como “o casal feliz”, a alegria nos olhos de muitos e a triste inveja nos olhos de outros. E sempre que nos perguntam qual o segredo de sermos tão felizes e tão ligados, a resposta é mútua: O segredo é Jesus!
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Significa que não temos lutas? Que não temos desavenças? Que não temos momentos de choro? Claro que temos. Mas a certeza de que nossa aliança está alicerçada em Cristo e de que nosso compromisso não é apenas com o outro, mas com o próprio Deus, nos faz erguer a cabeça, renunciar nosso egocentrismo, nos perdoar, nos reconciliar e manter vivo o amor (Eros) que é alimentado pelo Amor (Ágape), o Amor Maior, o amor de Deus!
Casamento é sinônimo de renúncia de si mesmo em favor do outro, este é o verdadeira sentido de um casamento e de uma aliança, e somente Cristo, Aquele a quem a Bíblia chama de “O Noivo” pode nos capacitar a viver essa renúncia em favor do outro. Ser livre é ser servo de Cristo.
Um casamento sem Jesus como centro não é uma aliança completa.
Faça uma aliança com Cristo ou renove-a!!!
Autor: Flávio Daniel
http://www.estudosgospel.com.br/estudos/polemicos/o-divorcio-e-a-vontade-de-deus.html

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