Por Augustus Nicodemus Lopes
Com a
desvalorização do casamento em nossa cultura, junto com a relativização
dos valores morais e a tendência contra tudo aquilo que é estabelecido,
muitos cristãos nutrem esta ideia curiosa de que a Bíblia não ensina o
casamento, o qual se resume num acordo mútuo de duas pessoas viverem
juntas. Pronto, estão casadas diante de Deus.
Com isto, não é pequeno o número de evvangélicos que têm uma vida sexual ativa com o namorado/namorada.
Alguns
anos passados fiquei impressionado com uma estatística publicada por uma
revista evangélica após entrevistas feitas com jovens evangélicos de 22
denominações. Estes jovens, a grande maioria composta de solteiros,
haviam nascido em lar evangélico e eram freqüentadores regulares de
igrejas. De acordo com a pesquisa, 52% deles já haviam tido sexo.
Destes, cerca da metade mantinha uma vida sexual ativa com um ou mais
parceiros. A idade média em que perderam a virgindade era de 14 anos
para os rapazes e de 16 anos para as moças.
Essa
reportagem foi publicada em setembro de 2002. Desconfio que os números
são ainda mais estarrecedores se forem atualizados para 2012.
Não vou
aqui gastar muito tempo defendendo o que, acredito, a maioria dos nossos
leitores já sabe que é nossa posição: sexo é uma bênção a ser
desfrutada somente no casamento. Namorados que praticam relações sexuais
estão pecando contra a Palavra de Deus. Mesmo que não tenhamos um
versículo que diga "é proibido o sexo pré-marital" (desnecessário à
época em que a Bíblia foi escrita, visto que na cultura do antigo
Oriente não existia namoro, noivado, ficar, etc.), é evidente que a
visão bíblica do casamento é de uma instituição divina da qual o sexo é
uma parte integrante e essencial.
Alguns
textos que mostram que contrair matrimônio e casar era uma instituição
oficial entre o povo de Deus, e o ambiente próprio para desfrutar o
sexo:
"...nem contrairás matrimônio com os filhos dessas nações" (Dt 7.3).
"...Majorai de muito o dote de casamento e as dádivas, e darei o que me pedirdes; dai-me, porém, a jovem por esposa" (Gn 34.12).
"... e lhe dará uma jovem em casamento..." (Dn 11.17).
"...
Respondeu-lhes Jesus: Podem, acaso, estar tristes os convidados para o
casamento, enquanto o noivo está com eles?" (Mt 9.15).
"... nos dias anteriores ao dilúvio comiam e bebiam, casavam e davam-se em casamento" (Mt 24.38).
"...
Três dias depois, houve um casamento em Caná da Galiléia, achando-se ali
a mãe de Jesus. Jesus também foi convidado, com os seus discípulos,
para o casamento" (Jo 2.1-2).
"... Estás livre de mulher? Não procures casamento" (1Cor 7.27).
"...
Ora, o Espírito afirma expressamente que, nos últimos tempos, alguns
apostatarão da fé, por obedecerem a espíritos enganadores e a ensinos de
demônios, pela hipocrisia dos que falam mentiras e que têm cauterizada a
própria consciência, que proíbem o casamento..." (1Tim 4.1-3).
"... Se
um homem casar com uma mulher, e, depois de coabitar com ela, a
aborrecer, e lhe atribuir atos vergonhosos, e contra ela divulgar má
fama, dizendo: Casei com esta mulher e me cheguei a ela, porém não a
achei virgem..." (Dt 22.13-14)
"...
qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais
ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a
repudiada comete adultério" (Mt 5.32).
"... Se essa é a condição do homem relativamente à sua mulher, não convém casar" (Mt 19.10).
"... Caso, porém, não se dominem, que se casem; porque é melhor casar do que viver abrasado" (1Cor 7.9).
"... Mas, se te casares, com isto não pecas; e também, se a virgem se casar, por isso não peca" (1Cor 7.28).
"... A
mulher está ligada enquanto vive o marido; contudo, se falecer o marido,
fica livre para casar com quem quiser, mas somente no Senhor" (1Cor
7.39).
"... ao
que lhe respondeu a mulher: Não tenho marido. Replicou-lhe Jesus: Bem
disseste, não tenho marido; porque cinco maridos já tiveste, e esse que
agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade" (Jo 4.17-18).
"... alguém (o presbítero e/ou pastor) que seja irrepreensível, marido de uma só mulher..." (Tito 1.6).
"...
quanto ao que me escrevestes, é bom que o homem não toque em mulher;
mas, por causa da impureza, cada um tenha a sua própria esposa, e cada
uma, o seu próprio marido." (1Cor 7:1-2)
"...
Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem
mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros" (Heb 13.4).
"... que
cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra,
não com o desejo de lascívia, como os gentios que não conhecem a Deus; e
que, nesta matéria, ninguém ofenda nem defraude a seu irmão; porque o
Senhor, contra todas estas coisas, como antes vos avisamos e
testificamos claramente, é o vingador, porquanto Deus não nos chamou
para a impureza, e sim para a santificação" (1Tes 4.4-7).
As
passagens acima (e haveriam muitas outras) mostram que casar, ter
esposa, contrair matrimônio é o caminho prescrito por Deus para quem não
quer ficar solteiro ou permanecer viúvo. O casamento era, sim, uma
instituição oficial em meio ao povo de Deus. As relações sexuais fora do
casamento nunca foram aceitas, quer em Israel, quer na Igreja
Primitiva, a julgar pela quantidade de leis contra a fornicação e a
impureza sexual e pelas leis e exemplos que fortalecem o casamento como
instituição para o povo de Deus em todas as épocas.
O ônus
de provar que namorados podem ter relações sexuais como uma coisa normal
é dos libertinos. Posso me justificar biblicamente diante de Deus por
viver com minha namorada como se ela fosse minha esposa, não sendo
casados? Como eu lido com essa evidência massiva de que o casamento é a
alternativa bíblica para quem não quer ficar solteiro ou viúvo?
O que
existe na verdade é aquilo que Judas menciona em sua carta, sobre
pessoas ímpias que transformam a graça de Deus em libertinagem (Judas
4). Os argumentos do tipo, "quem casou Adão e Eva" demonstram o grau de
má vontade e a disposição do coração de continuar na prática da
fornicação, mesmo diante da resposta: "O caso de Adão e Eva não é nosso
paradigma, a não ser que você tenha sido feito diretamente do barro por
Deus e sua namorada tenha sido tirada de sua costela. Se não foi, então
você deve se sujeitar ao paradigma que Deus estabeleceu para toda a raça
humana, para os descendentes de Adão e Eva, que é contrair matrimônio,
casar-se, um compromisso público diante das autoridades civis".
Os
demais argumentos - "é melhor que os namorados cristãos tenham sexo
responsável entre si do que procurar prostitutas, etc." nem merecem
resposta. O que falta realmente é domínio próprio, castidade, submissão à
vontade de Deus, amor à santificação.
Chegamos
ao ponto em que os rapazes e as moças cristãos têm vergonha de dizer,
até mesmo em reuniões de mocidade e de adolescentes, que são virgens.
Tenho
compaixão dos jovens e adolescentes de nossas igrejas. Mas sinto uma
santa ira contra os libertinos, que pervertem a graça de Deus, pessoas
ímpias, que desviam nossa juventude para este caminho. "A vingança
pertence ao Senhor" (Rom 12.19).
Fonte: O Tempora! O Mores!
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