quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

“Liberdade sexual” e a escravidão do prazer

“… tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e os seus corações insensatos se obscureceram. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos e trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e répteis. Por isso Deus os entregou à impureza sexual, segundo os desejos pecaminosos dos seus corações, para a degradação dos seus corpos entre si. Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram a coisas e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém. Por causa disso Deus os entregou a paixões vergonhosas.” Romanos 1:21-26a
Como consequência de trabalhar numa editora, sempre que entro numa livraria os olhos analisam de tudo: capas, títulos, assuntos etc. Recentemente dei de cara com uma estante dedicada a uma só obra, “Cinquenta tons de cinza”. O nome não me era estranho; já o tinha visto em algumas manchetes do Globo. Fiquei curioso quando ouvi dizer que esse livro se tornou um recordista de vendas, batendo inclusive Crepúsculo e Harry Potter (se não me engano). Como bom membro da atual geração, fui buscar a fonte mais confiável de pesquisa dos nossos tempos: Wikipédia. Li a sinópse rapidamente para ter uma ideia do que se tratava esse fenômeno de vendas.

O livro descreve a relação sexual sadomasoquista de um jovem empresário com uma jovem estagiária. Para que haja consenso entre as duas partes, o empresário produz um contrato a ser assinado pela jovem descrevendo as suas preferências sexuais, seus hábitos e aquilo que ele gostaria de fazer com ela e que ela fizesse com ele. Desde chicotes a algemas, a coisa é da mais sórdida e grotesca natureza possível. Por favor não pesquise mais sobre o assunto. É algo que faz meu estômago embrulhar, só na página do wiki. Essa é a sensação literária do momento, uma abordagem de sexo violento.

Ligo o rádio, música nova do Seu Jorge. “Ela é amiga da minha mulher, pois é, pois é. (…) Ainda por cima, é uma tremenda gata, pra piorar a minha situação. Se fosse mulher feia tava tudo certo, mulher bonita mexe com meu coração.” Caramba. Uma outra, em inglês, não foge muito disso não. O Usher basicamente fala que se a moça quiser gritar, é simples, basta deitar e ele a leva para lá e dá para ela o que tanto quer (‘lá’ sendo um local indefinido que não precisa ser explicado). Isso tudo, claro, envolvido numa batida hipnotizante.

James Bond! Filme novo, carro novo, ternos caros, tiroteio, mulheres lindas. Ainda não assisti, mas já imagino que vá rolar alguma clima tórrido entre ele e uma moça (no mínimo uma).
Violência, adultério, sexo sem compromisso… e olha que eu nem falei da última novela das oito.

Todo “bom” programa de auditório (isso existe? Bom programa de auditório?) tem lá seu apresentador charmoso, público sorridente com uma fileira de mulheres lindas na primeira fila e as dançarinas ou ajudantes de palco seminuas. Obviamente, são lindas. Propaganda de cerveja é na praia, com mulheres de biquíni. Comercial do desodorante Avanço é o que? (Ainda existe desodorante Avanço?) Elas avançam. Isso sem mencionar o desodorante Axe.

Nos shoppings, as vitrines estampam mulheres lindas vestindo as últimas modas. Beirando o verão, está faltando pano demais nas coleções. As saias e blusas são embaladas a vácuo e os decotes são fartos. E olha que isso não se restringe às lojas de roupas para adultos. As crianças não ficam para trás. E a maquiagem? Lábios carnudos e vermelhos que brilham. Ao redor dos olhos, um lápis preto carregadíssimo que realça o olhar. De acordo com um professor de biologia do colégio, tal tipo de maquiagem é uma tentativa da fêmea expor suas características sexuais, afinal, a excitação sexual leva a um aumento na circulação sanguínea (lábios mais vermelhos) e pupilas dilatadas (olhos marcados). Ah, sim, não pode esquecer o blush também para enrubescer as bochechas.

*Não estou criticando o uso de maquiagem como um todo, mas há diferentes estilos de maquiagem, os mais populares se assemelhando demais à descrição acima.

Eu poderia descrever diversos cenários além desses que envolvem todo tipo de estímulo sexual. A verdade é que vivemos numa sociedade machista que valoriza a erotização visual. Como os homens são mais facilmente estimulados pelos olhos (em comparação às mulheres), as repercussões no dia a dia são inevitáveis. Apesar da Bíblia afirmar a regência do homem tanto no ministério quanto no lar, o mundo vive e apresenta um modelo de masculinidade corrupto e grotesco. O resultado é uma enorme pressão sexual sobre todos, independente de gênero ou faixa etária. Assim que as meninas começam a usar sutiã, começam a se arrumar “para arrumar um namorado”. Basta passear no shopping numa sexta a noite ou acessar os álbuns de facebook das jovens para ver as inúmeras caras de bocas em frente ao espelho (com celular na mão e olhar “inocente” para a câmera). A mesma coisa com os meninos. Mas nas suas fotos fazem cara de mal, pose de machão e levantam a camiseta para mostrar o abdômen sarado. Eles, coitados, chegam atrasado nessa disputa e enquanto elas já estão fisicamente crescidas, eles ficam com a cara cheia de espinha e com a voz falhando devido às mudanças. Os mais velhos, por sua vez, tentam se vestir como garotão ou garotinha, proporcionando uma cena que beira o ridículo.

No meio dessa cultura de uma saturação erótica absurda, como é que alguém se vê livre de pensar “naquilo”? Os jovens se iniciam sexualmente cada vez mais cedo. Casamentos são destruídos cada vez mais. Temos os “eternos solteiros” que vivem de namoro em namoro sem achar o “par perfeito”. Todo mundo está na academia, com tudo em pé e no lugar certo, mas ninguém está feliz. Por quê? Porque tudo à nossa volta nos induz a pensar em apenas uma coisa: sexo.

Na faculdade, fui tratado como alienígena em várias instâncias. Adoravam conversar com o “crente” sobre sexo, para tentar me envergonhar. Um amigo me perguntou como que era um namoro cristão, se rolava “pegada”, uns beijos legais. Beijo, sim, mas nada que se assemelhe ao que vemos na TV. Tudo de maneira respeitosa, tanto a ela quanto a Deus. Amassos? Hum, não. Algo mais? Hum, também não. Ele me olhou com uma cara de espanto incrível: “Cara, então você deve se masturbar o dia inteiro! Como assim você chega nessa idade sem nunca ter transado? Não dá vontade? Mas Deus não te deu essas vontades? Não é natural isso, se ‘escravizar’ assim.” É ele que não consegue enxergar um dia sem sexo ou masturbação e eu que sou o “escravo”. Interessante isso…
Nossa cultura escraviza o indivíduo com a noção de que ele tem que, a qualquer preço, alcançar o seu prazer, seu clímax, seu orgasmo! O estímulo e pressão são massacrantes. A ponto de muitos, na base do “eu mereço”, sucumbirem a isso e dizimarem as suas vidas em busca de um prazer constante e auto-destrutivo. Quantas vezes em algum filme não há um personagem que está desesperado, há tanto tempo sem “uma boa trepada”? Pior, quantas vezes, na vida real, o fato de chegar aos vinte e poucos anos ainda virgem não é motivo de extrema vergonha e constrangimento? Mulheres gastam horas e mais horas na academia botando tudo no lugar, sem contar as horas em baixo da faca. Afinal, homem não gosta de barriga flácida, pelanca, rugas ou seios pequenos. E os homens? Também. Tem que ter peitoral, abdômen sarado, tem que “ter pegada”. No final, conseguem apenas ficarem deprimidas por nunca estarem “a par” das outras. Elas têm que estar com tudo em dia para não perder o marido, né?

Quantas meninas de treze anos já não sonham com um implante de silicone? Quantos moleques adolescentes já não gastam horas puxando ferro pra ficar grande, isso quando não começam a tomar remédios para acelerar o processo? E quantos deles vivem felizes? Pouquíssimos, se é que haja algum. Mulheres de todas as idades vivem deprimidas com sérios problemas de auto-estima por não seguirem o padrão sexual imposto. Temos aí uma série de “mulheres fruta” de diversos formatos na mídia. O problema é que mulher fruta só arruma homem banana! Pode ser forte, saradão e tudo mais, mas no final das contas não vai saber tratar e cuidar dela. Isso quando não partem para a agressão física e as surram.

Mas será que o crente não pensa em sexo? Deus não pensa nessas coisas? Claro que pensa! Aliás, tem um livro inteiro na Bíblia dedicado a isso. E as dicas de como isso funciona já começam nos subtítulos, aquelas legendas inseridas ao longo dos anos. O Cântico dos cânticos é uma canção e o formato já indica isso entre os versos e refrãos: esposo e esposa. Há prazer no sexo, sim, num modelo de sexo saudável, na segurança dos laços matrimoniais entre homem e mulher. Esse é o modelo bíblico. É uma expressão de amor, não uma busca desvairada por prazer, porque essa busca nunca termina!
O viciado em pornografia não se contenta com a mesma revista durante anos a fim. A relação sexual entre pessoas, quando não tem uma expressão de amor como fim, está sempre à procura de novidade. Já viu quantas capas de revista tem uma matéria sobre “1,001 novas maneiras de enlouquecer seu homem na cama”? Não é possível que depois de tantos anos publicando mais dicas já não tenham descoberto tudo! Sempre tem mais alguma novidade! E nessa busca, mesmo quando as opções convencionais terminam, partem para outras opções pervertidas. Violência, chicotes, algemas, asfixiação, troca de parceiros, sexo em lugares públicos, com animais… e por aí vai. Precisam partir para todo e qualquer tipo de perversão sexual já que o “sexo convencional” não tem mais graça. Alguns chegam ao ponto onde, na falta de alguém que os satisfaça, partem para a auto-satisfação e se masturbam até com o auxílio de brinquedos. E é triste saber que chega ao ponto onde maridos preferem se resolver sozinhos do que com a própria esposa, pois eles “dão conta do recado” melhor que elas. Há até casos de pessoas que são viciadas em sexo e não conseguem ficar sem se relacionar com alguém. E é uma patologia que acaba com a vida da pessoa.
A cultura mundana do sexo é completamente depravada e sórdida. E o pior, ela gera um comportamento egoísta e violento em torno dela. Não é toa que antes de todo round de uma luta de UFC, primeiro tem que passar uma mulher de biquíni com a plaquinha. Da mesma maneira, as maiores ofensas, os maiores xingamentos são os de cunho sexual (e nas os citarei aqui por razões óbvias). Na política, os assuntos mais calorosos são justamente quem tem controle sobre a escolha sexual e o que fazer com o nenêm se o sexo irresponsável gerar uma gravidez indesejada. Tudo gira em torno de sexo! Vivemos em meio a uma cultura escravizada pelo prazer sexual. Está na televisão, nas músicas, nas propagandas, na maquiagem, na academia, nas lojas, nas roupas e por aí vai. A cultura do sexo está impregnada na sociedade, e ela nunca se verá livre disso.

Sexo é bom? Óbvio que sim, pois Deus o fez. Deus criou algo tão magnífico, algo tão sagrado e lindo que mesmo quando ele é gozado de maneira ilícita e depravada, ainda assim dá prazer. O problema é que nesse padrão, é um prazer pervertido, corrupto e auto-destrutivo pois ele nunca se satisfaz. Aquilo que nos foi dado por Deus para ser uma expressão lícita de amor ao cônjuge se torna um monstro depravado, insaciável e avassalador. Mas temos dificuldade de enxergar a sua presença no nodo cotidiano pois crescemos nessa cultura tão relativista já anestesiados pelo pecado.
Centenas de milhões de pessoas vivem desesperadas e escravizadas pela busca depravada do próprio prazer. Aos poucos se destroem em nome do hedonismo sem saber do mal que trazem a si mesmos. Trocam a verdade pela mentira, servem à criatura em vez de o Criador e vivem entregues às suas paixões vergonhosas.

E eu, o alienígena, é que sou taxado como “escravo”. Seria cômico se não fosse trágico.
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Cuidado!
*OBSERVAÇÃO: Fui informado que ao final do texto aparecem propagandas geradas automaticamente pelo Google. Até hoje, eu desconhecia isso. Devido ao conteúdo do texto de hoje me relataram que apareceu uma propaganda pornográfica. Peço perdão a todos que tiverem que dar de cara com isso. Ironicamente, é justamente por esse tipo de estímulo que escrevi o post. Enfim, tentei modificar isso mas não tenho como fazê-lo. Desde conto com a compreensão de todos e, mais uma vez, peço perdão por qualquer constrangimento.
Na paz,
Andrew
https://oblogdoandrew.wordpress.com/2012/11/08/liberdade-sexual-e-a-escravidao-do-prazer/

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