Muitas pessoas têm dúvidas a respeito do real significado da
expressão “jugo desigual”, traduzida do grego para o português dessa
forma no texto de 2 Coríntios 6.14: “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos…”
Começaremos nossa análise avaliando sobre o que o apóstolo Paulo está
falando nesse texto. Fica bastante claro observando o contexto, que a
fala de Paulo é sobre “sociedade”, “comunhão”, “harmonia”, “união” e
“ligação” entre servos de Deus e pessoas incrédulas (v.v. 14-18). Todas
essas palavras reforçam o pensamento de que o crente deve avaliar com
muito cuidado seus laços de relacionamentos e negócios com incrédulos.
Dito isto, vamos avaliar a expressão grega “heterozugeo”,
traduzida para o português como “jugo desigual”. No grego a expressão
aponta para alguém que tem um relacionamento desigual ou que tem
comunhão com alguém que não é semelhante. (Léxico de Strong). No
português a palavra “jugo” aponta para uma “canga ou junta de bois”
(Dicionário Priberam), que era um objeto que unia dois bois para que
andassem no mesmo compasso, enquanto puxavam o carro de boi (veja imagem
acima). Uma figura bastante clara de “algo” que une duas ou mais
pessoas em torno de um objetivo em comum. Se o jugo estava desigual, os
bois não conseguiam atingir o objetivo de fazer o carro de boi andar
corretamente, além de sofrerem muito.
Para chegarmos ao significado real do texto, precisamos ainda avaliar
as palavras citadas por Paulo para apontar esse tipo de união:
sociedade, comunhão, harmonia, união e ligação.
A palavra sociedade, traduzida do grego “metoche”, significa partilhar, participar. A palavra comunhão, traduzida do grego “koinonia”, significa ter uma relação de intimidade, de comunhão intima com alguém. A palavra harmonia, traduzida do grego “sumphonesis”, significa concordância, acordo. A palavra união, traduzida do grego “meris”,
significa uma parte designada, traduzida em algumas versões bíblicas em
português como “em comum”. A palavra ligação, traduzida do grego “sugkatathesis”, significa aprovação, assentimento, acordo.
Colocados os significados das expressões, podemos entender que Paulo
está falando nesse texto de uma união de pensamentos e propósitos nas
relações entre crentes e incrédulos. Uma união de intimidade que os faz
andar nos mesmos propósitos. Propósitos, é claro, conflitantes com a sã
doutrina (jugo desigual) e, por isso, veementemente rejeitados por Deus.
Penso que Paulo não está proibindo aqui todo tipo de relacionamento
com incrédulos, caso contrário, seria impossível realizar a obra de
evangelização ordenada por Jesus e até viver nesse mundo.
O que está em foco aqui é uma união de propósitos que não combinarão
nunca devido suas diferenças claras. Note as perguntas de Paulo que
expõe o contraste claro desse tipo de união de propósitos: “que sociedade pode haver entre a justiça e a iniqüidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas? Que harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou que união, do crente com o incrédulo? Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos?” (2 Coríntios 6.14-16)
A ordem incisiva que segue a todos esses questionamentos de Paulo
expõe o porquê Deus não quer esse tipo de união na vida de Seus servos: “Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse: Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo. Por isso, retirai-vos do meio deles, separai-vos, diz o Senhor; não toqueis
em coisas impuras; e eu vos receberei, serei vosso Pai, e vós sereis
para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso.” (2 Coríntios 6.
16-18)
Assim, o crente deve ser sábio para avaliar que tipo de “sociedade”,
“comunhão”, “harmonia”, “união” e “ligação” assume com alguém descrente,
pois podem ser prejudiciais à sua vida de cristão e estar em desacordo
com a vontade de Deus. Lembrando que Paulo traz a ideia de que o crente é
santuário de Deus, ou seja, Deus habita nele. No Antigo Testamento,
quando o templo ainda existia, muitas vezes o povo de Deus trouxe coisas
impuras para dentro do tempo, contaminando-o e provocando a ira de Deus
e grande calamidade sobre si. O crente em Jesus, sendo santuário de
Deus, não pode imitar esse mau costume prejudicial.
Para finalizar, é interessante notar que Paulo não nos deixou nenhuma
lista para exemplificar que tipos de uniões estariam incluídas em sua
proibição. Eu também não vou ousar deixar nenhuma lista. Creio que cada
um deve avaliar caso a caso para tomar decisões acertadas sobre as
relações de comunhão e intimidade que assume com descrentes, se estão ou
não debaixo da bênção de Deus, se estão ou não em conformidade com a sã
doutrina, se são ou não jugo desigual.
A base para a tomada de decisão está clara na exposição de Paulo nas Escrituras Sagradas.
Por Presbítero André Sanchez
FONTE:
http://www.esbocandoideias.com/2013/11/o-que-significa-jugo-desigual.html
Nenhum comentário:
Postar um comentário