*O trecho abaixo foi extraído com permissão do Livro Refresh, de Shona Murray e David Murray, Editora Fiel.
O hábito de ter uma boa noite de sono é, em última instância, uma
aplicação de nossa teologia. Cremos que Deus criou o sono como parte
integral de nossa humanidade (Sl 127.2), mas, como acontece com todas as
boas dádivas de Deus, temos a tendência pecaminosa de rejeitar o sono
ou fazer mau uso dele. Enquanto o problema de alguns é querer dormir
demais, o problema de outros é querer dormir pouco. Em nossa sociedade obcecada por produtividade, costumamos idolatrar a atividade e minimizar a necessidade de sono.
Às vezes até nos orgulhamos porque dormimos tão pouco e aparentemente
não precisamos dormir mais. Histórias de cristãos famosos que, ao longo
dos séculos, teriam dito que dormiam pouco alimentam a ideia de que
dormir menos é mais piedoso e evidencia uma grande fé. O que não se
costuma mencionar é que muitos desses cristãos tinham uma saúde bastante
precária e alguns até morriam cedo. Por isso defendo a posição de que
uma boa noite de sono é um exemplo bem melhor de uma grande fé. Pense em tudo que você está dizendo quando você tira, por exemplo, oito horas de sono a cada noite:
Eu creio que Deus cuidará de minha família, do meu trabalho ou dos meus estudos. Recuso-me a acreditar na mentira de que tudo depende de mim.
Creio na soberania de Deus e confio que, para fazer o que precisa ser
feito, ele não precisa de mim trabalhando em excesso e dormindo pouco
(Sl 127.1-2).
Creio que Deus criou minha natureza humana e que eu preciso seguir
suas diretrizes para mantê-la. Recuso-me a acreditar na mentira de que
sou diferente. Eu não sou mais forte do que outras pessoas e, portanto, também preciso da dádiva do sono (Sl 3.5; 4.8).
Como escreveu Karen Swallow Prior, professora da Liberty University:
“A necessidade que temos de descansar é tão importante para nossa
natureza humana que Deus reservou um dia da semana para o descanso.
Aliás, passamos um terço de nossas vidas dormindo… De fato, o descanso é
frequentemente tratado não tanto como um amigo, mas como um inimigo.
Nunca nos sentimos tão vulneráveis quanto no momento em que estamos
dormindo. Talvez seja por isso que resistimos tanto”.
Creio que meu corpo e minha alma estão tão intimamente ligados
que se afetam mutuamente. Recuso-me a acreditar na mentira de que, se
eu negligenciar meu corpo, minha alma e minha mente continuarão a se
desenvolver.
Creio que o sono é uma das melhores ilustrações do meu descanso em Cristo.
Recuso-me a acreditar na mentira de que preciso ser conhecida apenas
por meu serviço sacrificial a Cristo, e não por descansar nele.
Creio em Deus somente e me recuso a adorar os ídolos.
Recuso-me a idolatrar o sucesso no trabalho e a menosprezar o sono.
Recuso-me a negligenciar o sono para idolatrar o entretenimento tarde da
noite. Recuso-me a idolatrar o serviço à custa do sono. Recuso-me a
colocar a necessidade de impressionar meu chefe como algo mais
importante que o sono. Recuso-me a idolatrar a casa perfeita à custa dos
danos causados ao templo do meu corpo. Nosso padrão de sono revela nossos ídolos.
Shona Murray é mãe de cinco filhos e homeschooler há quinze anos. Ela
é médica e trabalhou como médica de família na Escócia até se mudar
para os Estados Unidos com o seu marido, David.
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