quarta-feira, 5 de fevereiro de 2020

Pais que estabelecem limites buscam a felicidade de seus filhos




 
Criar um filho sem regras é condená-lo ao sofrimento. Você sabe impor os limites necessários?

Na semana passada eu estava fazendo compras em um supermercado. Enquanto olhava os eletrodomésticos, uma menina de cerca de 10 anos passou atrás de mim gritando com seu pai, que estava um pouco à frente dela. A garota ficou furiosa porque não lhe compraram um brinquedo. O homem – já bem velho – ficou vermelho e tentou fugir do momento embaraçoso andando rápido, mas não conseguiu.

Pouco depois, quando eu estava andando por um dos corredores em busca de alguns biscoitos, a menina passou ao lado de seu pai com um brinquedo na mão. A garota estava com uma expressão de triunfo no rosto e já não havia sinal de choro ou raiva.

Para ser completamente honesta com você, admito que não sou do tipo que acha certo satisfazer os caprichos de uma criança, menos ainda se ela dá um show para atingir seu objetivo.

Naturalmente, cada pai ou mãe cria seus filhos como bem entendem; no entanto, há atitudes e comportamentos que, em hipótese nenhuma, podem ser ignorados. Não apenas por serem prejudiciais às crianças, mas porque, quando forem adultos, serão infelizes e tornarão infelizes aqueles que os amam. 
 
Você quer um filho feliz? Estabeleça limites

Uma criança aprende a obedecer às regras da sociedade quando se acostuma a seguir o que seus pais estabelecem em casa. Quando não há regras em casa, a criança se tornará obstinada e teimosa, pois sabe que, se quiser ganhar alguma coisa de seus pais, irá obtê-lo através de uma birra.

Mas a vida longe de casa, na escola e em outros lugares que a criança deverá frequentar ao longo da infância, não funciona dessa maneira. Imagine que a criança faça uma excursão a um parque com seu professor e, por não lhe darem um balão ou um doce, dá um chilique. Quem vai ser o vilão da história para quem está no passeio? Você, como mãe ou pai, porque não soube educar seu filho nas diretrizes mínimas para se viver em harmonia com o resto da sociedade.

Os pais devem estabelecer as normas sociais e regras em casa, não como um mero ornamento ou algo para aplicar quando for conveniente, não devem ser aplicadas com qualquer tipo de flexibilidade; são preceitos a que a criança deve se adaptar a cumprir, para seu próprio bem. 
 
Por que é saudável educar a criança com limites?

Porque além de torná-la apta a viver em sociedade, ajudando-a a controlar seus impulsos, aprenderá a respeitar os outros, a saber onde seus direitos e deveres começam e terminam e, a longo prazo, evitará problemas com autoridade e com a sociedade em geral.

A criança que é educada com limites frouxos se tornará uma criatura impertinente, inconstante e obstinada – que achará que todos devem agradá-la – com muitos problemas de conduta, agressiva e, portanto, incapaz de trabalhar ou viver em grupo.

Além disso, se tornará um adulto com pouco controle de suas emoções e com muito pouca tolerância à frustração, o que o deixará muito infeliz.

Como pai, você pode não querer ver seu filho sofrendo (nenhum pai quer), por isso faz as suas vontades. No entanto, tudo o que está fazendo é prejudicar o seu futuro, porque a vida e as pessoas não vão tratá-lo como você o tratou na infância. 
 
Maneira adequada de educar com limites

Você deve, primeiramente, saber que educar com limites não é o mesmo que restringir a independência de seu filho e se impor para que a criança faça a sua vontade.

Limites são regras básicas que a criança deve cumprir, por exemplo:
  • Dormir às 8h da noite ou na hora que você considera prudente
  • Guardar os brinquedos ou arrumar o quarto depois de brincar
  • Fazer a lição de casa antes de brincar ou assistir TV
  • Recolher os pratos e levá-los para a pia

Essas regras devem ir mudando, à medida que a criança cresce e você supõe ou vê que pode lhe dar mais responsabilidades.

É muito importante que você tenha pulso firme ao fazer com que essas regras sejam cumpridas, é basicamente disso que depende o seu sucesso. Não há sentido em estabelecer um número “x” de regras, se você não fizer com que seu filho as cumpra. Você vai fraquejar na primeira decepção que evidenciar.

“Síndrome do Imperador”


Já ouviu falar de filhos adolescentes batendo nos pais? Que praticam delitos e cumprem pena de reclusão desde cedo? Já se deparou com uma trágica notícia de filhos que mataram seus pais? Bem, eles eram crianças com a Síndrome do Imperador.

A Síndrome do Imperador nada mais é do que o produto da falta de coragem para estabelecer regras e fazer com que os filhos as obedeçam desde cedo.

Sim, a ideia com a qual comecei este tópico é terrível, mas um toque de realidade é, às vezes, o que precisamos para levar a sério esse tipo de situação.

Se ama seus filhos, você procurará fazer com que eles cresçam com algumas diretrizes básicas que irão evitar muitos problemas, tanto em seus relacionamentos afetivos, quanto em seu trabalho e na comunidade onde vivem. 
 
Você pode se sentir mal, mas é para o bem deles

Compreendo que muitos pais queiram dar a seus filhos tudo o que eles não puderam ter. Pode acreditar, eu entendo disso. Não estou dizendo que você deva dizer “não” para tudo, mas que deve, antes de sair de casa, deixar claro para o seu filho que vocês vão comprar a comida da semana e que você concorda em comprar apenas um sorvete ou alguns biscoitos para ele comer quando vocês chegarem em casa. A criança deve estar bem ciente de que as coisas serão assim e você não vai mudar.

Você deve aprender a manter o “não”, e seu filho deve saber que quando você diz “não”, não é uma piada ou brincadeira, mas que você está falando sério e que, se ele não obedecer, será repreendido por não aceitar as condições que você estabelece no momento sair de casa (por exemplo).

Pense que tudo que você fizer para seus filhos é para o bem deles, para a busca de um bem maior. Eles vão lhe agradecer no futuro.




Traduzido e adaptado por Erika Strassburger do orgininal Los padres que ponen límites buscan la felicidad de sus hijos

Erika Otero Romero
Erika é psicóloga com experiência em trabalhos comunitários, com crianças e adolescentes em situação de risco.


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