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quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Recasados e seus desafios familiares


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O texto abaixo foi extraído do livreto Ajuda para Família de Recasados, de Winston T. Smith, da Série Aconselhamento, lançamento de agosto de 2018, da Editora Fiel.

A sua família inclui filhos de casamentos anteriores? Em caso positivo, você é membro de um tipo de família singular – uma família de recasados. Talvez você tenha visto retratos felizes de famílias de recasados na televisão, como na série norte-americana A Família Sol-Lá-Si-Dó, em que os desafios que ela enfrenta são resolvidos em trinta minutos. No entanto, se você realmente faz parte de uma família de recasados, você sabe o quão diferente e, às vezes, difícil pode ser a vida de uma família de recasados.

Misturar duas famílias distintas em um lar raramente é um processo fácil. As tradições familiares, os valores, os interesses e os estilos de cuidado paternais ou maternais são, muitas vezes, diferentes, logo, perguntas simples como: “Quem vai lavar a louça hoje à noite?” ou “Onde passaremos o Natal?” podem rapidamente tornar-se pontos de conflito.

Contudo, se você faz parte de uma família de recasados ou está prestes a fazer parte de uma, não perca a esperança. Deus “faz que o solitário more em família” (Sl 68.6), e isso inclui também as famílias de recasados. Essas famílias enfrentam desafios singulares, porém, à medida que você compreender quais são esses desafios e pedir ajuda a Deus, você descobrirá que também existem bênçãos singulares a serem encontradas em sua família nova e misturada.

Desafios únicos da família de recasados

Na língua inglesa, a palavra “step” – prefixo da palavra stepfamily cuja tradução em português é família de recasados – provém da palavra, em inglês arcaico, steop cujo significado é “perda”. Em toda família de recasados, ao menos alguns dos membros perderam um relacionamento com um cônjuge ou com um dos pais devido à morte ou ao divórcio. Perdas significativas fazem parte do cenário normal de uma família de recasados. Maridos perderam esposas, esposas perderam maridos, e filhos perderam uma família que incluía dois pais biológicos. Você sabe como essas perdas impactam você e os seus relacionamentos dentro de sua nova família? Você sabe como a perda impacta outros na sua família de recasados?

Dentro de uma família de recasados, como o marido e a esposa são afetados pela perda? Quando você se casa outra vez após a morte de seu cônjuge, é fácil sentir-se culpado. Sua culpa pode impedi-lo de comprometer-se por completo em seu novo casamento. Ou você pode criar uma imagem idealizada de seu falecido cônjuge à qual o seu novo cônjuge não consegue se igualar. Casar novamente depois do divórcio pode resultar em uma ira ou amargura prolongada que afeta o seu relacionamento com o novo cônjuge. Isso se torna especialmente difícil se o seu ex-cônjuge está sempre em cena.
 
Dentro de uma família de recasados, como os filhos são afetados pela perda? Se você é um filho que faz parte de uma família de recasados, você também está lidando com a perda. Não importa o quão infelizes os seus pais biológicos estavam, provavelmente, você não queria que eles se divorciassem. Mesmo agora, você pode, em secreto, ter esperança de que seus pais se reconciliem. É difícil perder a esperança e deixar outro pai ou outra mãe entrar em sua vida. Frequentemente, os filhos na sua posição estão bravos com seus pais por eles terem desistido de seu casamento e ressentidos com o padrasto ou a madrasta por tornarem a reconciliação impossível. Para você, em vez de um novo começo, a vida na família de recasados significa viver em diversos lares, ter novos irmãos empurrando-o e aprender uma nova série de regras.

Ou pode ser que um de seus pais tenha morrido. Você experimentou uma das perdas mais terríveis que qualquer filho pode experimentar. Agora, aquele que ficou vivo está casado outra vez. Você sabe que ninguém poderia jamais substituir a pessoa que você perdeu, sendo assim, simplesmente parece errado que sua mãe ou seu pai se case com outra pessoa. Ter um padrasto ou uma madrasta o deixa irado, triste e confuso. Você quer que sua mãe ou seu pai seja feliz, porém não sabe o que fazer com o seu sentimento de perda e dor.

Dentro de uma família de recasados, como os pais são afetados pela perda? Você é padrasto ou madrasta? Você também está enfrentando muitos desafios. Muitas vezes, seus enteados não o amarão automaticamente, não o aceitarão ou não responderão à sua disciplina. Também é difícil ser pai biológico ou mãe biológica em uma família de recasados. É tentador buscar proteger seus próprios filhos dos efeitos do divórcio ou da morte e lidar com sua culpa em relação ao rompimento de seu casamento (ou o seu novo casamento depois da morte de seu cônjuge) sendo excessivamente tolerante. Como resultado, seu cônjuge pode se sentir desacatado quando tentar realizar a função de pai ou mãe. Se ambos trouxeram filhos para o casamento de vocês, pode-se criar uma atmosfera corrosiva de favoritismo que divide a família em facções competitivas.

Espere pelas dificuldades, pense biblicamente


Você pode reconhecer algumas dessas dificuldades em sua própria família de recasados e, provavelmente, pode acrescentar seus problemas particulares a ela. Porém, em vez de ficar desaminado, saiba que: dificuldades são esperadas em uma família que vivencia perdas. A família de recasados não representa simplesmente duas pessoas se unindo em matrimônio; cada padrasto ou madrasta representa dois mundos – mundos de esperanças, sonhos, expectativas, hábitos, tradições, personalidades – unindo-se dentro do contexto da perda. As dificuldades da família de recasados não significam que você ou os membros de sua família são, de alguma maneira, problemáticos ou fracassados, mas sim que vocês terão de aprender a pensar biblicamente sobre questões que outras famílias não terão de pensar.


Autor Winston T. Smith
Winston T. Smith é membro do CCEF e possui mestrado pelo Westminster Theological Seminary. Ele serve como conselheiro bíblico há... 
 
 
 

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

DIVÓRCIO COM NOVO CASAMENTO



A facilidade com que se obtém o divórcio atualmente, daí resultando novos casamentos, está tendo repercussões em algumas igrejas locais, particularmente no que diz respeito aos novos convertidos. 

As opiniões sobre que atitude tomar vacilam entre um severo legalismo e compaixão. Em alguns lugares, segundo me informam, existe até receio de pregar o Evangelho a divorciados casados de novo, por causa dos problemas que advirão caso se convertam! 

Não queremos e nem podemos ditar normas sobre esse assunto, mas apenas vamos procurar esclarecer o que aprendemos das Escrituras, pois os trechos onde é tratado podem às vezes nos parecer conflitantes.
Brevemente, vejamos o que vem a ser casamento e divórcio:
  • Casamento: o Senhor Jesus, referindo-se à união do homem e da mulher em Gênesis 2:24, disse: “de modo que já não são mais dois, porém uma só carne” (Mateus 19:6). O casamento dá origem a uma entidade única composta de um homem e de uma mulher, que é o início de uma nova família.
  • Divórcio: continuando, o Senhor Jesus disse: “o que Deus ajuntou, não o separe o homem”. É um mandamento proibindo a separação do casal, sendo a separação, portanto, um pecado diante de Deus, e o divórcio um resultado desse pecado. O divórcio consiste em eliminar todos os laços matrimoniais entre um casal, dentro de certas condições determinadas por um juíz visando a proteção dos filhos, equidade econômica, etc. Com o divórcio o casamento é desfeito e os que eram cônjuges voltam a ser livres como antes de se casarem, fora as obrigações do decreto de divórcio.
A ideia que o casamento é “indissolúvel” vem da tradição católica romana, segundo a qual o casamento celebrado pelos seus sacerdotes só pode ser dissolvido com a permissão do papa. A legislação brasileira adotava essa “indissolubilidade” até recentemente. 

O Senhor Jesus foi provocado a se pronunciar a respeito do divórcio pelos religiosos judeus, porque a lei de Moisés previa a possibilidade do marido emitir carta de divórcio à mulher se ele não se agradasse dela (Deuteronômio 24:1-4). Encontramos seu ensino nas seguintes passagens dos Evangelhos: Marcos 10:2-12 e Lucas 16:18. 

A permissão de lavrar carta de divórcio e repudiar a mulher foi dada na lei junto com a proibição de um segundo casamento entre os dois, se houvesse outro casamento e divórcio por parte da mulher. O Senhor Jesus declarou aos fariseus que a permissão fora dada por causa da dureza dos seus corações, mas o homem não deve separar o que Deus ajuntou. 

Aos discípulos ele esclareceu que aquele, ou aquela, que repudiar o seu cônjuge e casar outra vez comete adultério. Esses trechos não contemplam o divórcio por causa de adultério: segundo a lei, o cônjuge infiel que praticasse adultério seria apedrejado (Deuteronômio 22:22-25); o outro cônjuge, enviuvado, poderia casar-se novamente. Mateus 5:31-32 e 19:8-12: o Senhor Jesus exclui o repúdio por imoralidade (gr. porneia) da proibição de novo casamento. 

Imoralidade aqui pode significar adultério, infidelidade durante o período de noivado (veja Mateus 1:19), ou casamento consanguineo, entre parentes muito próximos (Levítico 18). Neste caso, o divórcio é admitido. Como nos demais casos um novo casamento seria adultério, os discípulos julgaram ser preferível não casar (19:10). O Senhor retorquiu que alguns homens e mulheres não precisam se casar, podem viver isolados. Isto não é para todos (1 Coríntios 7:2), mas uma decisão individual. 

Em resumo, qualquer divórcio (fora por motivo de imoralidade) é o resultado de desobediência a Deus, e conduz ao adultério. Estas declarações foram dirigidas aos judeus, esclarecendo o que o Senhor Jesus, como Rei, determinava aos seus súditos. 

O Seu reino terrestre, quando Ele regerá o povo com a vara de ferro, virá brevemente, no Dia do Senhor. Se Ele reina em nossos corações, fazemos bem em obedecê-lo também. 

Pertencemos a uma nova congregação, a igreja de Cristo, que, embora situada no mundo, não é do mundo. Os que a ela pertencemos não estamos sujeitos à lei de Moisés, mas amamos a Deus e a Seu Filho, e damos prova disto pelo amor que temos uns pelos outros (João 15:10,12, Romanos 13:8-10). 

A desobediência a Deus é característica do incrédulo, do homem sem Deus, resultando em divórcio, assassínio, furto, falso testemunho, etc. Não temos como impedi-lo: ao pecador perdido, esses são muitos dos sintomas do seu pecado e o seu destino é a separação eterna de Deus. A única coisa, e a mais importante, é pregar-lhe o Evangelho da salvação em Cristo. Quando o pecador se arrepende e recebe a Cristo como seu Senhor e Salvador, ele se torna em uma nova criatura. Todo o seu pecado lhe é perdoado, mesmo que tenha resultado em adultério, divórcio, assassínio, etc., tendo o sangue de Cristo pago o preço da sua redenção. 

Não há razão por que não seja batizado ou recebido com dignidade pela igreja local na condição de um recém-nascido em comunhão na igreja local, participando também da Ceia do Senhor. Quanto ao seu ministério, o Espírito demonstrará se está habilitado através dos dons que lhe serão outorgados. Não pode haver comunhão entre o salvo e o mundo, assim como a luz não tem comunhão com as trevas, nem pode haver união do crente com o incrédulo (2 Coríntios 6:14,15). 

Tendo surgido por isto a dúvida sobre o casamento já existente com um incrédulo e se o crente devia deixá-lo, como todas as outras coisas, o apóstolo Paulo, dirigido pelo Espírito Santo declarou:
1 Coríntios 7:12-17: Quando Paulo diz “digo eu, não o Senhor” ele introduz uma instrução nova, com a autoridade que tem de apóstolo, dirigido pelo Espírito Santo). O ensino é que, ao se converter, uma pessoa não deve deixar seu cônjuge se ele continuar incrédulo, especialmente se tiverem filhos, pois estes podem ser levados a Cristo pelo crente, e neste sentido são “santos”. O crente deve fazer o que puder para levar seu cônjuge a Cristo, e, se depender dele, deve ficar na situação em que se encontrava ao salvar-se: casado. Mas se o cônjuge incrédulo resolver deixá-lo, o crente não mais estará “sujeito à servidão”, pois fomos “chamados à paz”: o divórcio dissolve os laços matrimoniais. Embora não esteja explícito, cabe o entendimento que, sendo a parte inocente, o marido (ou mulher) crente que tiver sido divorciado está livre para contrair novas núpcias pois, nas palavras de Paulo “por causa da impureza, cada um tenha a sua própria esposa, e cada uma, o seu próprio marido” (1 Coríntios 7:2). 

Cada um permaneça no estado em que foi chamado” (1 Coríntios 7:17-24): não se justifica exigir de um novo convertido, divorciado e casado em segundas núpcias antes de se converter, que deixe a sua presente esposa e procure novamente casar-se com a divorciada, como, segundo fui informado, já tem acontecido. Mesmo se fosse legalmente possível, é raramente viável sem causar imensos transtornos e infelicidade a todos. Posturas como essa estão mandando almas preciosas para o inferno, pois muitos acabam não pregando o Evangelho aos divorciados por “ser politicamente correto” perante a igreja local, e o mais grave ainda é que um comportamento como esse seria a mesma coisa que afirmar-se que o sacrifício de Cristo purifica todos os pecados, menos o do divorciado incrédulo casado de novo. 

A situação de um casal de crentes diante de Deus é tal que parece impossível que venham a se divorciar: provamos a todos que Deus permanece em nós pela prática do grande mandamento de Cristo, que nos amemos uns aos outros (1 João 4:13); mais ainda, o marido deve amar a sua esposa como Cristo amou a igreja, e a esposa deve ser submissa a seu próprio marido, como ao Senhor (Efésios 5:22-33). A mulher crente não deve se separar do marido, nem o marido crente da sua mulher (1 Coríntios 7:10-11), como o Senhor já havia dito aos judeus; se, desobediente, a mulher (ou o marido, entendemos também) se separar, ela não deve se casar outra vez, mas procurar uma reconciliação. Embora, segundo o Senhor, a imoralidade seja um motivo legítimo para o divórcio, o cônjuge cristão ofendido tem a oportunidade, se não o dever, de se reconciliar com o cônjuge infiel se este confessar a sua ofensa e pedir o seu perdão (Marcos 11:26), assim como Cristo nos perdoa todo o pecado (1 João 1:9). 

Infelizmente surgem situações em que um dos cônjuges, supostamente crente, foge aos seus deveres e, desobediente a Deus, se separa e depois obtém o divórcio. Por exemplo, se a esposa de um crente se divorcia dele legalmente por qualquer motivo permitido pela lei vigente no país, poderá ele se casar outra vez? Independentemente do motivo legal, se houver imoralidade da mulher (e geralmente há), não parece haver dúvida que sim, em função do ensinamento do Senhor. Mas tal mulher, se for realmente crente e arrepender-se, ao que entendemos não deverá se casar outra vez (1 Coríntios 7:11). Quem se declara crente e se divorcia, está negando a sua fé. Outras situações ainda podem surgir e devem ser estudadas cuidadosamente à luz da Bíblia, usando sempre de misericórdia como é a vontade de Deus: “sede misericordiosos, como também é misericordioso o vosso Pai” (Lucas 6:36) , e “misericórdia quero, e não sacrifício” (Oséias 6:6). 

O pecado é uma coisa terrível e, embora perdoado, em certos casos deixa marcas e conseqüências que não se podem apagar. No caso do divórcio, vidas arruinadas e pior ainda, crianças sem um lar com o amor do pai e mãe, e todas as confusões que surgem com novos casamentos e novos filhos, etc. Por melhor que queiramos, não podemos na maioria das vezes consertar as situações surgidas. Mas podemos mostrar amor, “que cobre uma multidão de pecados”, para as vítimas deste pecado, que muito sofrem, particularmente se são a parte inocente e agora vivem vida nova em Cristo. 

Talvez algum irmão encontre dificuldade em aceitar estes argumentos, por convicções próprias ou outro motivo. Reconhecemos que nem sempre todos vemos as coisas pelo mesmo prisma. O divórcio é um golpe profundo, extremamente traumatizante à vítima e aos seus filhos e familiares, do qual não se pode voltar para trás. Sejamos misericordiosos aos irmãos que passaram por isto, vítimas do pecado e da desobediência de outrem. Lembremo-nos da exortação: “de modo que deveis, pelo contrário, perdoar-lhe e confortá-lo, para que não seja o mesmo consumido por excessiva tristeza” (2 Coríntios 2:7-8). A compaixão de Deus se revelou quando Cristo perdoou a mulher adúltera. Estaríamos nós entre os que a condenavam, mas depois saíram porque também tinham pecado? 
 

R David Jones 

FONTE:
http://www.bible-facts.info/artigos/divorciocomnovocasamento.htm


sexta-feira, 28 de agosto de 2015

É um novo casamento após o divórcio sempre adultério?


 
Antes mesmo de começar a responder a essa pergunta, vamos reiterar: "Deus odeia o divórcio" (Malaquias 2:16). A dor, confusão e frustração que a maioria das pessoas sente depois de um divórcio são certamente parte da razão por que Deus odeia o divórcio. Ainda mais difícil, biblicamente, que a questão do divórcio é a questão do novo casamento. A grande maioria das pessoas que se divorciam ou se casa novamente ou considera casar-se novamente. O que a Bíblia diz sobre isso?

Mateus 19:9 diz: "Eu, porém, vos digo: quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar com outra comete adultério [e o que casar com a repudiada comete adultério]." Veja também Mateus 5:32. Estas Escrituras afirmam claramente que o novo casamento após o divórcio é adultério, a não ser no caso de "infidelidade conjugal".

É a nossa opinião que há certos casos em que o divórcio e o novo casamento são permitidos sem o novo casamento ser considerado adultério. Essas instâncias incluiriam o adultério impenitente, o abuso físico do cônjuge ou filhos e o abandono de um cônjuge crente por um cônjuge incrédulo. Não estamos dizendo que uma pessoa em tais circunstâncias deva se casar novamente. A Bíblia definitivamente incentiva permanecer solteiro ou a reconciliação no lugar de um novo casamento (1 Coríntios 7:11). Ao mesmo tempo, é a nossa visão de que Deus oferece a Sua misericórdia e graça à parte inocente em um divórcio e permite que essa pessoa se case novamente sem que seja considerado adultério.

Uma pessoa que se divorcia por uma razão diferente das listadas acima e então se casa novamente cometeu adultério (Lucas 16:18). A questão torna-se então se este novo casamento é um "ato" de adultério ou um "estado" de adultério. O tempo presente do grego em Mateus 5:32; 19:9 e Lucas 16:18 pode indicar um estado contínuo de adultério. Ao mesmo tempo, o tempo presente no grego nem sempre indica uma ação contínua. Às vezes, simplesmente significa que algo ocorreu (um presente aorístico, punctiliar ou gnômico). Por exemplo, a palavra "divórcio" em Mateus 5:32 está no presente, mas se divorciar não é uma ação contínua. É nossa opinião que o novo casamento, não importa as circunstâncias, não é um estado contínuo de adultério. Apenas o ato de casar novamente é adultério.

Na Lei do Antigo Testamento, a punição para o adultério era a morte (Levítico 20:10). Ao mesmo tempo, Deuteronômio 24:1-4 menciona um novo casamento após o divórcio, não o chama de adultério e não exige a pena de morte para o cônjuge que se casou novamente. A Bíblia diz explicitamente que Deus odeia o divórcio (Malaquias 2:16), mas em nenhum lugar declara explicitamente que Deus odeia o novo casamento. A Bíblia em nenhum lugar comanda um casal em seu segundo casamento a se divorciar. Deuteronômio 24:1-4 não descreve o novo casamento como inválido. Terminar um segundo casamento através do divórcio seria tão pecaminoso quanto acabar o primeiro casamento através do divórcio. Ambos incluem a quebra dos votos diante de Deus, entre o casal e na frente de testemunhas.

Independente das circunstâncias, quando um casal divorciado entra em um novo casamento, eles devem se esforçar para viver a sua vida conjugal em fidelidade, de uma maneira que honre a Deus e com Cristo no centro do seu casamento. Um casamento é um casamento. Deus não vê o novo casamento como inválido ou adúltero. Um casal nessa situação deve dedicar-se a Deus e um ao outro - e honrar a Deus ao fazer do seu novo casamento um que dure e seja centrado em Cristo (Efésios 5:22-33). 
 
 
FONTE:
http://www.gotquestions.org/Portugues/adulterio-novo-casemento.html 
 
 

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

7 coisas a saber antes de se casar com uma pessoa divorciada e com filhos

 

Se você deseja formar uma família com uma pessoa que já foi casada e teve filhos desse casamento, você precisa ter em mente o seguinte:

1 – Sobre a relação dela com o ex-cônjuge
Precisa compreender quão importante é para ela manter contato e se relacionar bem com o ex-cônjuge para o bem dos filhos. Se você tentar limitar esses contatos ou impor condições que acabem prejudicando a relação com os filhos e com o ex-cônjuge, vocês terão muitos problemas em sua relação. Não há espaço para o egoísmo e ciúmes em uma relação dessa natureza.

2 – Sobre pensão alimentícia
O pagamento de pensão alimentícia aos filhos normalmente é aceito prontamente. O problema maior é quando o ex-cônjuge precisa ser assistido por um tempo, até que consiga se estabilizar financeiramente. Nesse ínterim poderão surgir desentendimentos entre vocês, principalmente se você contribui igualmente para as despesas da casa.
Caso vocês enfrentem reveses financeiros, ainda que a assistência ao ex tenha findado, a questão “pensão alimentícia” poderá entrar em pauta, acabando em desentendimento e cobranças em relação à quantia paga ou sobre a forma como o dinheiro está sendo utilizado.
Você precisa não somente compreender, mas apoiar seu futuro marido ou esposa no cumprimento de suas obrigações financeiras para com seus filhos e/ou o ex-cônjuge. É algo de que você precisa estar ciente antes mesmo que o namoro fique sério.

3 – Sobre sua relação com os filhos dele
É sua obrigação não só estimular o relacionamento dele com os filhos, como esforçar-se para ter o melhor relacionamento possível com essas crianças.
Muitas vezes a reação das crianças em relação ao novo casamento do pai ou da mãe pode ser muito negativa. Por isso, é imperativo que você exerça paciência e se esforce para compreender e amar essas crianças. E, se vier a ter seus próprios filhos neste casamento, cuidar para não colocá-los à frente dos meios-irmãos no relacionamento com o pai ou a mãe deles.

4 – Sobre a rotina, o espaço e as regras da família
É importante que você empregue todos os esforços a fim de se adaptar à rotina daquele lar, não importa se seu pretendente tem a guarda dos filhos ou se eles vêm de vez em quando. Uma mudança dessa natureza mexe muito com o emocional das crianças. Elas precisam sentir-se seguras em relação à escolha da mãe ou do pai. Precisam ter certeza de que não perderão espaço, não só espaço físico, mas espaço na vida do progenitor.
Outra questão importante diz respeito às regras da família. Certa vez, ouvi um homem, que namorava uma mulher com filhos, dizer que quando se casasse com ela muitas coisas iriam mudar naquela casa. Tal atitude traria problemas para o seu relacionamento com as crianças e com o futuro cônjuge. Poderia, ainda, gerar conflitos com o ex-cônjuge da parceira.
Qualquer mudança jamais deve ser imposta, mas muito bem conversada e apoiada por todos os envolvidos, principalmente por aqueles que têm maturidade para entender o que está acontecendo.

5 – Sobre ter ou não mais filhos
É uma questão importantíssima a ser tratada, em minha opinião, antes mesmo de se iniciar um namoro. Muitas pessoas que tiveram filhos de outro casamento, por questões de saúde ou outras questões, não podem ou não querem ter mais filhos. É algo que precisa ser esclarecido desde o início para não haver frustração e desentendimento futuro.

6 – Sobre a necessidade que ele terá de lhe conhecer muito bem
Aí está algo que acontece muito. Uma pessoa que já foi casada, principalmente se teve desilusões no casamento anterior, desejará conhecer muito bem seu pretendente antes de trocar alianças. Por essa razão, ela pode demorar um pouco para aceitar o pedido de casamento e pode fazer algo não tão agradável: investigar a vida do seu pretendente.
Quem namora uma pessoa divorciada, principalmente se também for divorciado, deve estar preparado para ter sua vida investigada. Se isso acontecer com você, acredito que, se não tiver nada a esconder, você não vai, ou, pelo menos, não deve se ofender com essa atitude.

7 – Sobre usar o ex-cônjuge como parâmetro
Querendo ou não, o ex-cônjuge será sempre usado como parâmetro para determinar o que é aceitável ou não no futuro parceiro. Não que ele ou ela esteja buscando em você atributos que gostava no ex. Geralmente é o contrário. Ele(a) tenderá a rejeitar suas características ou atitudes similares às do ex, quando elas motivaram brigas e desentendimentos. É uma atitude natural, pois é uma forma de evitar que os erros se repitam e acabem novamente em divórcio.
Como dá para perceber, entrar na vida de uma pessoa divorciada e com filhos não é tão fácil quanto se pensa. Certamente haverá obstáculos. A maioria deles, porém, é galgável.

Cabe a você, primeiramente, analisar se é isso mesmo que quer para a sua vida. Caso seja, dar sua contribuição para que o novo lar seja um lugar de paz, equilíbrio e compreensão. E trabalhar com afinco conquistar um espaço merecido no coração de cada membro da família. O amor opera milagres.


por: Erika Strassburger

http://padom.com.br/7-coisas-saber-antes-de-se-casar-com-uma-pessoa-divorciada-e-com-filhos/?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed%3A+padomgospel+%28Portal+Padom%29 


domingo, 10 de novembro de 2013

Divórcio e novo casamento - um estudo bíblico inicial

Key Yuasa

Introdução


Recebi a visita de um homem, filho de crentes, que, estando divorciado, desejava se casar porque encontrou uma boa pessoa. Sua ex-esposa há anos deixou a casa, quando ele descobriu o fato de que ela saía com outra pessoa. Os filhos ficaram com o pai, mas eles vêem regularmente a mãe. A noiva que me foi apresentada é membro de uma igreja evangélica e deseja levar uma vida cristã em nossa igreja. O noivo não é membro, mas freqüentava quando jovem a igreja e mandou, durante anos, seus filhos para a escola dominical. Desta vez, ele gostaria de poder preparar-se para o batismo para ter uma vida cristã, e, assim, regularizar sua vida familiar. Que fazer? Qual é o ensino bíblico sobre esse assunto?

Encontrei dois opúsculos recentemente lançados no Brasil: Divórcio e Novo Casamento, de Tony Evans (São Paulo: Vida,1997; edição original em inglês, Chicago: Moody, 1995) e Casamento: Contrato ou Aliança?, de Craig Hill (Pompéia, SP, MMI, s/d; edição original Northglenn, Ccl.: Harvest, 1992).

O primeiro livro começa muito bem, contemplando a exceção apontada por Jesus em Mateus 19.9 e 5.32, bem como a possibilidade de aceitar a separação de um cônjuge não crente para que este fique livre da “servidão” ou das amarras do casamento (apresentada por Paulo em 1Cor 7.15). Mas, a partir disso, o autor faz malabarismos exegéticos que forçam a Palavra para incluir na categoria de cônjuge morto, os mortos espirituais (Rm 7.1-3), abrindo a porta para uma ampla gama de situações em que seria “bíblica” a separação e o re-casamento. Esse livro, no mínimo força, na parte final, a Palavra ao dizer o que o autor deseja, a fim de permitir o divórcio e o re-casamento em mais situações do que a Bíblia permite.

O segundo adota a posição diametralmente oposta de procurar desaconselhar ao cristão o divórcio e não permitir nenhum outro casamento para a pessoa divorciada. Isso é feito através de categorias apresentadas no livro chamado Meant to Last, de Paul Steele e Charles Ryrie (Wheaton, Ill. Victor. 1986), no qual seriam cinco as posições dos cristãos historicamente falando:

a) O ponto de vista patrístico - Os pais da igreja nos cinco primeiros séculos e os líderes em geral, com poucas exceções, até o século 16, teriam sido ‘unânimes no entendimento do ensino de Cristo e Paulo. Se alguém sofresse o infortúnio do divórcio, um novo casamento não seria permitido qualquer que fosse a causa.

b) O ponto de vista erasmiano - É a posição da maioria dos protestantes, a partir do séc.16, que permite o divórcio e o re-casamento.

c) O ponto de vista preterativo - É o ponto de vista de Agostinho, que procura explicar o diálogo de Mateus 19.1-12, com esclarecimento de que havia duas escolas rabínicas de interpretação da lei de casamento e divórcio no judaísmo: uma de Hillel, que permitia todo tipo de divórcios e outra de Shammai, que procurava restringir tal possibilidade ao mínimo. A questão era como interpretar as “coisas indecentes” de Deuteronômio 24.1 .A resposta de Jesus teria sido para despistar e, não, para responder a nenhuma dessas sugestões. Depois, quando estavam sozinhos com Cristo, os discípulos o pressionaram para resolver o assunto, e ele teria respondido a questão em Marcos 10.11-12.

d) O ponto de vista dos esponsais entende “pornéia” como uma referência a relações sexuais de pessoas ainda não casadas de verdade. Aquelas que estejam comprometidas como noivos. Apenas nesse caso seria possível a separação e ‘re-casamento”, ou melhor, seria o primeiro casamento

e) O ponto de vista da consangüinidade permite o divórcio, mas não o re-casamento de pessoas cujos casamentos estão proibidos em Levítico18.6-l8, entre pais e filhos(as) (mesmo de segunda núpcias), madrasta e padrasto com enteado(a), entre sogros(as) e genros e noras, entre pessoas que têm relacionamento de cunhados(as), entre tios(as) e sobrinhos(as), entre avôs(ós) e netos(as).

Essa análise histórica de posições típicas, não deixa de ser interessante, mas senti-me um pouco incomodado com o epíteto de “erasmiano” (referente à figura humanista do Erasmo de Rotterdam), todas as vezes que se tratava de uma posição que visasse valorizar o texto de Mateus 19.9. Considerei que o autor defendia seu ponto de vista contra o re-casamento de pessoas divorciadas, e que o tratamento foi mais ideológico do que uma análise do texto bíblico.

Diante disso, resolvemos ir pessoalmente aos textos bíblicos a fim de re-estudá-los e chegarmos pessoalmente às conclusões de que necessitamos com urgência para tomar uma atitude no caso que nos ocupa pastoralmente. No exame dos textos, essas posições re-aparecerão com maior detalhes.

Mateus 19.9
Examinemos diferentes versões deste texto.

Eu lhes digo que todo aquele que se divorciar de sua esposa exceto por imoralidade sexual [pornéia], e se casar com outra mulher, estará cometendo adultério. (NVI)

Portanto eu afirmo o seguinte: o homem que se separar da sua mulher, a não ser em caso de adultério [pornéia], se tornará adúltero se casar com outra mulher. (Linguagem de Hoje)

E eu lhes digo isto: Todo a quele que se divorciar de sua esposa, a não ser por causa de infidelidade [pornéia], e casar-se com outra, comete adultério. (Viva)

Eu, porém, vos digo: Quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas [pornéia], e casar com outra, comete adultério [e o que casar com a repudiada comete adultério]. (Alm. Rev. Atual.)

Eu vos digo porém que qualquer que repudiar a sua mulher não sendo por causa de prostituição [pornéia] e casar com outra, comete adultério, e o que casar com a repudiada também comete adultério. (Alm. Contemp.)

Esse recenseamento breve dos textos mais usados entre nós permite concluir preliminarmente que

a) Existe uma diferença entre os três primeiros em relação aos dois últimos, no sentido de que aquelas versões não incluem a cláusula “e o que casar com a repudiada comete adultério”, presente em alguns manuscritos importantes, mas, ao mesmo tempo, ausente em outros. É por causa disso que a edição de Almeida Revista e Atualizada manteve a cláusula entre colchetes, a fim de indicar que, embora tenha evidência bastante para ser incluída, essa cláusula não tem aceitação unânime como outras partes deste Evangelho de Mateus.

b) A não ser essa diferença no tratamento do texto original, todas as cinco versões aceitam cláusula de exceção presente no texto de Mateus (“não sendo...”, “a não ser por causa”, “exceto por..”), ao contrário dos textos paralelos de Marcos e Lucas.

c) A diferença maior entre as versões em português está na compreensão da palavra “pornéia”, que recebeu as seguintes traduções:

i)imoralidade sexual, infidelidade, relações sexuais ilícitas;

ii) adultério, prostituição.

De um estudo acurado do significado da palavra pornéia, chegamos à conclusão de que o sentido i) é mais correto e natural. Notamos que as três traduções japonesas, bem como a versão particular Guendaiyaku do prof. Reiji Oyama usaram as palavras futei, “infidelidade”

- Guendaiyaku (1983) e Shinkai-yaku (1963, 1970); fuhinkô, imoralidade - Koogooyaku (1954) e inkô, “conduta contrária aos bons costumes” - Bungoyaku (1930)mais próximas do sentido i) que do ii). “Pornéia” ainda significa: ofensivo ao pudor, contrário aos bons costumes, imoralidade, incluindo o sentido sexual. Em português, deu origem à palavra “pornografia”. Aliás, em quase todas as línguas ocidentais temos palavras correspondentes a esse termo, que derivam da mesma raiz grega. O sentido ii), que inclui o aspecto jurídico (adultério) e o comercial (prostituição) não é o significado primário da palavra “pornéia”. Mas, o sentido de adultério, pode ser inserido nessa frase de Jesus, porque o contexto trata de uma esposa regularmente casada.

O sentido de prostituição poderia ser deduzido a partir da frase “contrário aos bons costumes”, aplicada a uma esposa e dona de casa. Mas, tanto “adultério” como “prostituição”, parecem forçar um pouco o sentido usual de “pornéia”, quanto ao seu sentido gramatical, por força de dedução hermenêutica. A dificuldade dessa interpretação forçada é que no caso específico de “prostituição”, por exemplo, viria a dar um sentido bastante diferente. Se o divórcio e o novo casamento são permitidos somente quando há prostituição, estão excluídos adultérios que não envolvem vantagens pecuniárias ou transação comercial?Seria isso que Jesus quis dizer?

d) embora não dê uma aprovação entusiástica a isso, por causa da dureza do coração dos homens Jesus aceita a possibilidade de divórcio e re-casamento em caso específico de infidelidade conjugal praticada, segundo o texto de Mateus.

Os textos em inglês
And 1 say unto you, Whosoever shall put away his wife except it be for fornication, and shall marrv another, committeth adultery: and whosoever marrieth her which is put away doth commit adultery. (KJ - King James)

And 1 say unto you. Whoever divorces his wife, except for unchastity. and marries another, commits adultery. (RSV - Revised Standard Version)

I tell you, if a man divorces his wife for any cause other than unchastity, and marries another, he commits adulterv. (OC - Oxford and Cambridge)

1 tell you that anyone who divorces his wife, except for marital unfaithfulness, and marries another woman, commits adultery. (NIV - New International Version)

Existe um paralelismo interessante entre as versões em português e as versões em inglês:
a) a Bíblia King James (KJ) é muito semelhante a Almeida Revisada e Atualizada, pois
1.mantém a cláusula final que outras versões eliminaram;
2.traduz literalmente o verbo apolúse por “repudiar” ou “mandar embora” (put away) e não modernizou usando a expressão “divorciar” como as outras versões mais recentes;
3.a palavra “pornéia” é traduzida por “fornicação”, sentido que é bem próximo de relações sexuais ilícitas.
b) todas as versões mais recentes em inglês ou em português eliminaram a cláusula final.
c) No inglês há variantes na tradução de “pornéia”, vertido por “falta de castidade” (unchasty) e por “infidelidade conjugal” (marital infidelitv). No português existe um paralelismo, mas vemos que nossas versões avançaram mais com “adultério” e “prostituição”. 

As versões católico-romanas
Para efeitos de comparação, vamos agora examinar algumas versões católico-romanas.
Eu pois, declaro que todo aquele que repudiar a sua mulher, se não for por causa de adultério, e casar com outra comete adultério; e o que se casar com a que o outro repudiou, comete adultério. (A.P. Figueiredo. 1964, 1977)

Ora, eu vos declaro que todo aquele que rejeita a sua mulher, exceto no caso de um matrimônio falso e esposa uma outra comete adultério. E aquele que esposa uma mulher rejeitada comete também um adultério. (versão Maredsous trabalhada no Centro Bíblico Católico, SP, 1959)
Or je vous le dis: quiconque repudie sa femme je ne parle pas de la fornication et en épouse une autre, commet un adultère. (ed. orig franc. da Bíbia de Jerusalém, 1955)

A hora bien, os digo que quien repudie a su mujer — salvo en caso de fornicación y se case con otra, comete adultério. (vers. esp. da Bíblia de Jerusalém, 1966)

Algumas observações:
a) as duas primeiras versões a de Figueiredo e a versão dos monges Maredsous, trabalhada no Centro Bíblico em São Paulo — são bem parecidas com a versão de Almeida pelo fato de que incluem a cláusula final, assim como a versão King James a traz no inglês. A versão de Figueiredo é realmente muito próxima à tradução de Almeida.
b) Todas as versões traduzem apoIúse por “repudiar” ou “rejeitar”, numa tradução mais literalmente próxima da original.
c) A versão do Centro Bíblico traduz “pornéia” por “matrimônio falso”, mas é honesto, ao indicar em nota ao pé da página, que se trata de um texto de difícil interpretação. Nos esclarecimentos doutrinários ao final da Bíblia, sobre a palavra “divórcio” são mencionados dois significados mais usualmente adotados na tradução da palavra “pornéia”, “adultério” ou “fornicação”, que viria de S. Jerônimo, isto é, da versão Vulgata (versão latina e oficial da Igreja Católica Romana), e que não permite re-casamento, e o outro igualando-a à palavra zenut, que seria “concubinato” ou união ilícita, matrimônio falso ou nulo. Neste caso seria permitido o casamento. Os exegetas católicos optam por essa interpretação, pois estão certamente pressionados pela possibilidade gramatical e exegética de Mateus 19.9 que permite o re-casamento e, por isso, buscaram um sentido em que isso seria admissível doutrinariamente.
d) A versão da famosa Escola Bíblica de Jerusalém optou por traduzir “pornéia” - cremos pelo rigor científico costumeiro dos modernos tradutores — por “fornicação” ou “relações sexuais ilícitas”, que parecem mais próximas do grego. As anotações ao pé da pagina mostram o natural esforço por harmonizar o tratamento honesto do texto original com a doutrina da Igreja Católica Romana. Um verdadeiro malabarismo exegético, recusando a hipótese do “concubinato”. Por essa exceção própria a Mateus, Jesus não permite o divórcio (com re-casamento) em caso de adultério . Parece que o texto de Mateus indica que, em caso de infidelidade, há a necessidade de uma solução especial que ele, inclusive, não indica. Essa solução, invisível enquanto o divórcio era permitido, desenvolver-se-á na igreja sob a forma de uma “separação” dos esposos sem “re-casamento” .
É impressionante verificar que, havendo restaurado um texto mais fiel ao original grego, passem em seguida a desdizer o texto, inclusive negando que Jesus tivesse autorizado o divórcio. É preciso relembrar que os exegetas católicos dominicanos estão também sob a pressão da doutrina católica do celibato. Creio que forçam o texto em direção à sua posição ao entenderem que, para o cristão, o estado de casado é inferior ao estado de solteiro, dizendo no comentário sobre o v. 12 dessa passagem que “Jesus convida ao celibato perpétuo aqueles que desejam consagrar-se exclusivamente para o Reino de Deus”. 
e) A moderna versão ecumênica católico-protestante em língua japonesa a “Kyodôyaku” traduz “pornéia” por “fuhoo na kekkon” = casamento ilegal o que os aproxima da versão do Centro Bíblico, com a diferença de que não tem a cláusula final, como todas as versões japonesas examinadas.

Resumo da análise de Mateus 19.9 
Eu porém vos digo: quem repudiar a sua mulher
1 Não sendo por causa de relações sexuais ilícitas
E casar com outra comete adultério 
2 e o que casar com a repudiada comete adultério.
2 = cláusula final contestada
Grego Português Inglês Japonês Católicas
2 Está em ARA KJ APF 
AC CBC 
2 Eliminada em GNT LH RSV B, Ko BJF 
PI BV NEB S, G BJE 
NVI NIV Kyo
Reconhecemos uma tendência geral de que nesse trabalho de crítica textual mais rigorosa, a cláusula final está saindo das versões. Entretanto, gostaríamos de anotar um aspecto significativo sobre essa cláusula.
“e o que casar com a repudiada comete adultério.” (Mateus 19.9)
A presença de uma cláusula de Mateus em alguns manuscritos antigos, e sua ausência em outros, não teria o efeito de produzir em nós desconfiança no texto desse Evangelho? Especialmente a pessoas como nós que não temos o hábito de praticar crítica textual, nem conhecemos bem as tecnicalidades de seu procedimento? Como podem pessoas comuns e correntes terem confiança no texto desse Evangelho, depois de saber que uma cláusula sua está sendo contestada?

Confiabilidade de Mateus
A presença da cláusula em questão não acarretaria contradição nenhuma com a palavra dos Evangelhos, pois essa cláusula existe com as mesmas palavras em Mateus 5.32.
“e o que casar com a repudiada comete adultério”
A mesma idéia aparece com palavras ligeiramente diferentes em Lucas:
“e aquele que casa com a mulher repudiada pelo marido, também comete adultério.” (Lucas 16.18)

Isso significa que a eventual permanência da expressão dentro do versículo de Mateus 19.9 não acarretaria contradição nenhuma em relação ao texto de Mateus em seus manuscritos mais antigos, ou nas versões mais recentes, mas acrescenta pontos em sua confiabilidade. Essa compreensão acrescenta confiabilidade mais madura também em relação aos críticos de texto e aos tradutores.

1 Cláusula de exceção
Grego Português Inglês Japonês Católicas
A cláusula de exceção está presente em Todas Todas Todas Todas Todas

Cremos que todos os que são contra o divórcio gostariam de eliminar essa cláusula de exceção, se fosse possível, mas ninguém, seja católico ou protestante, conseguiu fazê-lo. Não podendo eliminar, partiram para diversos tipos de tradução como vimos. Algumas traduções extremamente forçadas, para poder avançar as doutrinas, ou os costumes adquiridos.

O fato de que ninguém pode eliminar essa cláusula reforça os pontos de confiabilidade de Mateus e, particularmente, a confiabilidade de Mateus 19.9. Quanto maior a confiabilidade de Mateus em geral e de Mateus l9.9 ou, mais exatamente, a confiabilidade da cláusula de Mateus 19.9, maior a tensão com os textos paralelos de Marcos 10.11 e 12 e de Lucas 16.18, os quais não têm cláusula de exceção.

Quem repudiar sua mulher e casar com outra comete adultério, e aquele que casa com a mulher repudiada pelo marido, também comete adultério. Repetindo e resumindo: A confiabilidade de Mateus ficou estabelecida pelo exame dos textos e das traduções e, especialmente, de Mateus 19.9, tanto pela observação de clausula final contestada, quanto pelo exame de cláusula de exceção. Quanto mais se estabelece a confiabilidade desse texto, mais aumenta a sua tensão com os textos paralelos de Marcos e de Lucas.

Mateus19.9 Aumento de Marcos 10.11, 12

CONFIABILIDADE Tensão Lucas 16.18

Apresentaremos agora um resumo das variações de tradução da palavra “pornéia”

Em seguida, nos concentraremos em compreender essa tensão, e relação paradoxal. Estudaremos o contexto imediato de Mateus 19.9, em Mateus 19.1-12 e em 1Coríntios 7.15.
Pornéia
Resumo da variação de sua tradução
Português Inglês Japonês Católicas
Relações sexuais ilícitas ARA B Imoralidade sexual NVI Ko
Fornicação KJ BJF, BJE, APF 
Falta de castidade NEB (CO)
RSV
Infidelidade BV G,S
Infidelidade NIV
Matrimonial
Adultério LH APF *
Prostituição AC
Matrimônio falso CPC
Matrimônio ilegal Kvo

É realmente impressionante a quantidade de versões variantes que essa palavra tem apenas nas Bíblias evangélicas em Português. Sendo que nenhuma versão repetiu a outra. Entre as que examinamos, as Bíblias japonesas coincidiram com três das nossas versões. Nas católicas, a de Figueiredo traduziu “pornéia” por “adultério” em 19.9, mas em 5.32 por “fornicação”. Por que tantas traduções e graus de implicação jurídica, social e moral diferentes?
Primeiro: o divórcio e re-casamento são assuntos muito delicados e há sempre, no mínimo, dois lados da questão. Há, por isso, uma grande gama de interpretação e práticas.
Segundo: gramaticalmente as palavras sempre têm uma certa elasticidade e comportam mais de um significado. Por exemplo, o uso normal de “pornéia” significar algo mais geral, como “relações sexuais ilícitas”, ou “fornicação”, e “pornôs” (1Cor 5.9) pode significar um homem sexualmente imoral; o seu feminino (porné), significa uma mulher que pratica imoralidade sexual por profissão, logo, prostituta (Mt 21.31).
Terceiro: para que haja várias traduções, torna-se necessário adaptar o que foi falado no meio judaico no primeiro século para o contexto do século 20 ou 21. As bíblias Almeida, King James, Figueiredo, a Bungo-yaku, e a Bíblia de Jerusalém mantiveram essa expressão sendo mais fiel ao original (apoluse). No diálogo de Jesus com os fariseus a questão do repúdio à mulher está sendo tratada à luz de Deuteronômio 24.1. Existe, para o gosto democrático do nosso tempo, muito machismo nessa prática. A maioria dos tradutores está abandonando a palavra “repudiar” para usar a palavra “divórcio”, instituição que regula tanto os direitos da mulher como os do homem e dos filhos, o que forma todo o corpo jurídico vigente em nossas respectivas sociedades. 
As quatros primeiras traduções parecem se aproximar mais do sentido gramatical do original. As duas seguintes “infidelidade” e “infidelidade matrimonial”, seriam quase a mesma coisa, mas tratam de traduções interpretativas mantendo o homem como o ponto de referência no casamento. Tal é provavelmente o sentido no original. Em português, temos a vantagem de nos referirmos tanto à infidelidade feminina, quanto à masculina, portanto também o sujeito do divórcio pode ser tanto o homem, quanto à mulher. Quanto ao sentido de “matrimônio falso e ilegal”, somente versões católicas adotaram essa tradução. Cremos que existe uma clara gradação: à medida que se desce a coluna, mais interpretativas vão se tomando as traduções.

Tensão entre Mateus 19.9 e textos paralelos
Como conciliar essas duas declarações?
Eu lhes digo que todo aquele que se Grande Todo aquele que se divorciar de sua esposa exceto por sua esposa e se casar com imoralidade sexual e se casar com outra mulher estará cometendo Tensão adultério contra ela. (Mc 10.11 adultério. (Mt 19.9) e Lc 16.18)
Já vimos mais acima que não se trata de erro de impressão ou de preferência de algum copista. Os textos estão exatamente como os vemos, com toda a contradição que podem trazer.
Gostaríamos de sugerir inicialmente que há uma tensão entre o Padrão Perfeito de Deus e a Orientação ou Regulamentação Pastoral.
Regulamentação Pastoral Padrão Perfeito de Deus exceto por imoralidade sexual Tensão sem exceção nenhuma - adultério - Mateus Marcos e Lucas.
Se isso for verdade, nenhum dos dois pares pode/deve ser reduzido. Cada um dos elementos da contradição, ou tensão, são essenciais. Não se deve tentar relativizar a ordem de Deus. Também não se deve jogar fora o texto de Mateus. Entendemos que a exegese correta nesse caso é manter plenamente cada um dos pólos. O Padrão Perfeito de Deus jamais deve ser relativizado, mas trabalhando com seres humanos imperfeitos e pecadores, temos de encontrar caminhos para avançar. Ao procurar esse caminho, é preciso sempre ter em mente a boa, perfeita e agradável vontade de Deus e vivermos tendo como referência esse padrão.
Regulamentação Pastoral Padrão Perfeito de Deus
Vê-se em outras palavras de Mateus um perfeito paralelismo da tensão entre dois pólos.
Se o teu irmão pecar contra você, vai e a sós com ele mostra-lhe o seu erro. Se ele o ouvir, você ganhou o seu irmão. Sejam perfeitos como
Mas se ele não o ouvir, leve consigo TENSÃO perfeito é o Pai Celeste mais um ou dois outros, de modo que tial de vocês qualquer questão seja decidida pelo (Mt 5.48) depoimento de duas ou três testemunhas. Se ele se recusar a (...) (Mt 18.l5ss)

O padrão perfeito de Deus está claramente expresso à direita, mas à esquerda está o que acontece no convívio com meu irmão cristão que, como eu, é de carne e osso, comete erros e pecados. Há uma orientação pastoral; mostra-se como atuar. Não se trata de jogar o Padrão Perfeito de Deus em seu rosto e castigá-lo com julgamento, rejeição e condenação. Antes,é preciso fazer um esforço de procurá-lo, conversar e, se necessário, mais de uma vez. Num outro momento, Jesus disse que devemos perdoar nossos irmãos setenta vezes sete vezes.

No texto de Mateus 18 não se menospreza o padrão divino de perfeição em se tratando de seres humanos. Se seu irmão rejeitar a terceira tentativa de restauração feita conforme o ensino de Jesus, você pode considerar que ele não é seu irmão na fé. Uma pessoa que rejeita os ensinos de Jesus, o conselho da igreja deve ser considerada pagã ou publicana, deixando de ser irmão segundo a palavra do Senhor.

Se desprezo o Padrão Perfeito de Deus, por ser perfeito demais e por sermos pecadores e falhos, então não vou estar buscando a perfeição Não estarei buscando a santificação. “Sejam perfeitos como é perfeito o Pai Celestial de vocês” é uma palavra que devemos considerar para não nos conformarmos com esse mundo e com o pecado. Devemos aprender a amar e a servir a um Deus que é perfeito. Devemos buscar continuamente a santificação, um padrão melhor de ética e de conduta.

O contexto imediato de Mateus 19.9 e 19.3-12

3 Vieram alguns fariseus, e o experimentavam, perguntando: É licito ao marido repudiar a sua mulher por qualquer motivo?

4 Então respondeu ele: Não tendes lido que o Criador desde o princípio os fez homem e mulher?

5 e que disse: Por esta causa deixará o homem pai e mãe e se unirá a sua mulher, tornando-se os dois uma só carne?

6 De modo que já não são dois, porém uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não o separa o homem.

7 Replicaram-lhe: Porque mandou então Moisés dar carta de divórcio e repudiar. (Veja um exemplar dessa carta de divórcio)

8 Respondeu-lhe Jesus: Por causa da dureza do vosso coração é que Moisés vos permitiu repudiar vossas mulheres:, entretanto, não foi assim desde o princípio.

9 Eu porém vos digo: Quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais ilícitas, e casar com outra, comete adultério [e o que se casar com a repudiada comete adultério].

10 Disseram-lhe os discípulos: Se essa é a condição do homem relativamente a sua mulher, não convém casar.

11 Jesus, porém, lhes respondeu: Nem todos são aptos para receber este conceito, mas apenas aqueles a quem é dado.

12 Porque há eunucos de nascença; há outros a quem os homens fizeram tais; e há outros que a si mesmos se fizeram eunucos, por causa do reino dos céus. Quem é apto para admitir, admita.

Chamamos a atenção para o fato de que nesse contexto de Mateus 19.9, na discussão com os fariseus, Jesus mostra que, no princípio, a regra não era a separação ou o divórcio. O que Deus ajuntou não deve o homem separar. Entretanto, por causa da dureza dos corações, Moisés permitiu que houvesse separações. A pergunta dos fariseus “pode o homem repudiar sua mulher por qualquer motivo9”, foi o baixíssimo nível em que caiu o casamento, por causa da interpretação machista de Deuteronômio 24.1. Segundo esse preceito o homem podia repudiar a esposa se ela não fosse agradável aos seus olhos, por ter achado nela “algo indecente”. Jesus procura mostrar o que existia desde o princípio: o padrão de Deus para o casamento e a prática do divórcio que Moisés procurava moderar e regular, para proteger a mulher. O divórcio não é uma ordem de Deus, nem uma solução que o agrade. Aqui vemos repetir-se o modelo, o padrão de Deus e a orientação pastoral.

13
Prática Pastoral Padrão de Deus

Moisés vos permitiu repudiar vossas mulheres por causa da dureza do vosso coração. O que Deus ajuntou não o separe o homem.

Jesus não se mostra contra a permissão outorgada por Moisés. Parece a favor dela, mas ele reformula a cláusula de exceção na frase que começa com “Eu porém vos digo”, em Mateus19.9, tornando muito mais imperativa a manutenção do casamento. Ele estreitou a cláusula de exceção que estava indefinida, fato que a tornava por demais inclusiva.
Em outras palavras, a cláusula de exceção, introduzida pela expressão “eu porém vos digo” vem responder à expectativa criada pela indagação dos fariseus, “É lícito para o homem repudiar a sua mulher por qualquer motivo?”, e está logicamente ligada ao contexto desse diálogo. Sua ausência criaria um vazio lógico e semântico dentro dessa construção.
Verificamos que o modelo de afirmações contrastantes e até contraditórias, cuja conflitividade e tensão não devem ser diminuídas via malabarismos exegéticos que forcem a Palavra de Deus, encontradas no confronto de Mateus 19.9, de Marcos 10.1, 12 e Lucas 16. 18, repete-se no contexto imediato de Mateus 19.3-12.

Afirmamos nossa fé de que Jesus não está em posição de confronto ou negação em relação ao preceito de Moisés. Aqui também vale a sua palavra de Mateus 5.17: “Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas: não vim para revogar, vim para cumprir”. Entendemos que Jesus, ao estreitar a cláusula de exceção, está, na verdade, reinterpretando melhor a intenção de Moisés. Moisés não inventou nem introduziu a separação ou o divórcio de casais. O seu preceito tinha um sentido moderador em relação aos costumes da época e procurava proteger o casamento e a família, diminuir os repúdios e proteger a mulher repudiada no caso de um divorcio.

Mateus Marcos e Lucas

Permite o divórcio e não proíbe. Não permitem o divórcio nem O recasamento em caso de o recasamento sob hipótese fornicação alguma.

Se alguém argumentasse que são dois evangelistas contra um e que o ensino na passagem de Marcos foi feito para os discípulos em particular, poderíamos responder que Mateus tem duas citações do mesmo teor; uma em Mateus 5.32. no contexto do Sermão da Montanha, ou seja, um discurso para os discípulos, e outro em Mateus 19.9, no contexto da discussão com os fariseus.

Caberia ainda lembrar que Mateus foi chamado pessoalmente por Jesus e com ele esteve pelo menos 3 anos ouvindo, vendo e aprendendo.

Ao considerar o fato que Jesus via seu ministério não como contradição ou revogação da Lei de Moisés, mas como o seu cumprimento, podemos entender que Jesus está permitindo o re-casamento, no caso excepcional em que permite o divórcio . Pelo teor da carta que veremos mais abaixo, podemos depreender que permissão de divórcio, mesmo que excepcionalmente, implica permissão de re-casamento.
Estudo da posição de Paulo

O tema do casamento, celibato e divórcio estão concentrados em 1 Cor 7. Desde o primeiro verso até o final, em quarenta versículos, ele discorre sobre esses temas em resposta às indagações dos cristãos de Corinto. Há naturalmente as clássicas passagens de Efésios 5, e em alguns outros lugares. Em 1 Cor 7, especialmente, se concentra muito do ensino de Paulo sobre o casamento, mas achamos dificuldade em trabalhar esta passagem pelas seguintes razões:
a) A passagem começa e termina com uma apologia ao celibato. Com exceção desses dois versículos inicial e final, ainda há muitos outros, todos com referência à desejabilidade de estar solteiro. São, no total, onze versículos, que transmitem o desejo de estar solteiro, ou viúvo, mais do que do estar casado. Para falar a verdade ainda não temos trabalhado adequadamente o tema do celibato (os católicos e o movimento monástico parecem haver encampado a temática).
b) O casamento é considerado como um mal menor em alguns casos (v.2, 9) e não é melhor que ao estado de solteiro (v.38). Ser cristão e casado é ser mais mundano, é ter o coração dividido (v.33, 34). Não chega a ser pecado casar-se (v.28, 36), mas se puder evitar, melhor. Ora, isso não parece fazer justiça à doutrina evangélica do casamento.
c) Por três ou quatro vezes nesta passagem Paulo diz que está expondo a sua opinião e não necessariamente do Senhor (v.12, 17, 25 e 40). Nos versículos 25 e 40, ao mesmo tempo em que afirma ser sua a opinião, acrescenta observações solicitando algum reconhecimento não só dele, mas também de Deus. Uma vez afirma que o mandamento é claramente da parte do Senhor e não dele mesmo (v.10) Qual o peso relativo de cada uma dessas passagens?
d) Uma visão mais positiva da vida conjugal aparecerá em Colossenses 3.12ss e 18; sobretudo em Efésios 5.15-33 (cf 1 Pe 3.1-7). Todas essas passagens, incluindo a de Pedro, foram escritas (62 d.C em diante) 6, 7 ou 8 anos após 1 Coríntios (55, 56 ou 57 d.C). Seria correto supor que,a partir de uma visão um tanto quanto restritiva sobre o matrimônio do cristão, Paulo teria evoluído para uma visão mais matizada, e mais rica? Seria essa a razão de Paulo pedir aos líderes cristãos que fossem pessoas casadas (1 Tm 3.2-5; Tt 1 5-8, ambas as epístolas, presumivelmente, de 65 d.C) e não recomendar as pessoas solteiras à liderança cristã nessas cartas, ao contrário de 1 Coríntios 7?

Essas declarações sobre o texto nos ajudam usá-lo com cuidado e temperança, levando em conta esses matizes, a fim de alcançar um entendimento mais próximo da verdadeira prática pastoral do grande apóstolo.
1 Coríntios 7.10, 11 e 15
Versículos cruciais de 1 Coríntios 7 para o que estamos estudando são os acima indicados
1 Ora, aos casados, ordeno não eu, mas o Senhor que a mulher não se separe do marido; (Se, porém vier a separar-se, que não se case, ou que se reconcilie com seu marido) e que o marido não se aparte de sua mulher” (1 Cor 11 e 12)
“ Mas se o descrente quiser apartar-se que se aparte; em tais casos não fica sujeito à 
servidão, nem o irmão nem a irmã; Deus vos tem chamado a paz. 1 Cor. 7.15 
Gostaríamos de indicar que o primeiro texto se refere mais ao padrão divino para o casamento e nisso há perfeita concordância com as palavras anteriormente citadas de Jesus, como “quem divorciar e casar com outra comete adultério” e “o que Deus ajuntou, não separe o homem”.
No segundo há uma referência ao casamento misto entre uma pessoa crente com outra descrente, sendo que a parte crente não deve tomar iniciativa de separação. Mas, se a parte descrente deseja separar-se, deixe que o faça. Em tais casos não fica sujeito à servidão nem o irmão, nem a irmã. Essa palavra é uma aplicação pastoral para o caso específico de casamentos mistos. Paulo sente-se autorizado a fazer essa aplicação pastoral; distinção não feita por Jesus na questão de casamentos mistos. Existe também uma atitude especial de Paulo com respeito aos coríntios. A chave para entender essa atitude pastoral de Paulo está em, pelo menos, dois fatores:
a) Paulo é imitador de Cristo em ser o bom pastor que dá a sua vida pelas ovelhas. Ele tem dado a vida, e arriscado a vida em favor dos Coríntios.
b) Ele é intercessor incansável em favor dos coríntios e está pronto para assumir diante de Deus as conseqüências do seu ensino. 
Lembremos de sua atitude com relação aos judeus: “tenho grande tristeza e constante angústia em meu coração. Pois eu até desejaria ser amaldiçoado e separado de Cristo por amor de meus irmãos, os de minha raça, o povo de Israel” (Rm. 9 1- 4). Cremos haver uma grande diferença entre um apóstolo-teólogo como Paulo e um simples professor de teologia ou um teólogo que viva de fazer e ensinar teologia hoje .
O que estamos tentando dizer é: só porque Paulo sentiu-se autorizado a fazer as aplicações pastorais que fez, não se segue que qualquer um de nós, pastores de hoje, possamos fazer a nosso critério pessoal as adaptações ou aplicações conforme queiramos.
Mas é verdade que podemos ser seus imitadores, como ele o era de Cristo e, em parte, existe necessidade de aplicações pastorais personalizadas. Assim, nessa hora devemos imitar o apóstolo dos gentios, no sentido de assumir inteiramente a responsabilidade daquilo que possa advir do nosso aconselhamento pastoral. Devemos fazer as aplicações em consonância com Cristo, com a leitura de Cristo feita pelos apóstolos e também com os apóstolos.
Se não estivermos prontos a entregar as nossas vidas em favor das ovelhas, precisamos, então, ter cuidado com os conselhos que possamos dar. Agora podemos esquematizar a palavra de Paulo em 1 Cor 7. 10 e 15 para indicar o paralelismo que viemos apresentando

Casamentos Mistos Padrão Divino para o Casamento

“Se a parte não crente consente em “Aos casados ordeno, não eu morar junto com o cristão, não se o Senhor, que a mulher não se aparte” 7. 12-15 GRANDE separe do marido...

“Mas se a parte não-crente quiser e que o marido não se separe de apartar-se, que se aparte. Em tais sua mulher” 7.10

Entendemos que a expressão “não fica em servidão”, significa que o vínculo matrimonial pode ser desfeito e isso inclui o direito/permissão de re-casamento. Nesse mesmo capítulo, no versículo 39, a palavra “livre” é usada para indicar direito ou permissão de re-casamento.

A seguir listamos algumas conclusões a que este estudo nos permitiu chegar e depois algumas sugestões pastorais.
Conclusões
1) Focalizamos o nosso estudo exegético em Mateus 19.9, por percebê-la como a passagem “pivô” das discussões sobre casamento e divórcio. Nosso estudo permitiu verificar que, apesar de ter uma cláusula contestada, em vias de cair das versões contemporâneas, isso não diminui em nada a credibilidade do versículo todo.
2) Quanto à cláusula de exceção, é mantida universalmente como algo fidedigno. Apesar de ser a parte mais controvertida no aspecto teológico e pastoral, ela se mostrou consistente e textualmente fidedigna. As cláusulas “exceto por imoralidade sexual” ou “não sendo por causa de relações sexuais ilícitas”, se mantêm, isto é, cremos que essa frase provém de Jesus e do apóstolo Mateus. Portanto, Jesus admitiu a hipótese da permissão de um divórcio permitido.
3) Quanto maior a confiabilidade da cláusula de exceção, maior se torna o conflito e tensão com os seus textos paralelos em Marcos 10, 11, 12 e Lucas 16.18. A tentativa de redução da tensão por meio de exegeses ou hermenêuticas tende a diminuir a veracidade de um dos pólos da contradição, não fazendo justiça ao Padrão Perfeito de Deus e também não servindo de ajuda pastoral às pessoas.
4) Temos de entender e aceitar a grande tensão entre a vontade de Deus para o casamento e as situações criadas pelo pecado humano dentro do casamento, o que leva, às vezes, à quebra. Como enfrentar as situações e os dramas familiares e como ajudar as pessoas que vêm buscando auxílio e esperança no Evangelho? Essa é a preocupação que nos move neste estudo. Será que Jesus proíbe o re-casamento de pessoas divorciadas? Ao dizer que quem se casa depois de repudiar sua esposa comete adultério (Marcos e Lucas), Jesus está dizendo que o re-casamento em geral é pecado.
5) A passagem de Mateus também afirma que a pessoa que volta a se casar comete adultério, exceto se as causas do divórcio forem “relações sexuais ilícitas”. Entendemos que Jesus está aceitando essa exceção, permitindo o divórcio e, portanto, o re-casamento. Jesus não está censurando Moisés por ele ter concedido a possibilidade de divórcio por causa da dureza dos corações. Parece que podemos, antes, censurar os fariseus por não entenderem esse espírito, tomando o repúdio como uma ordem, uma grande solução, ou, pior, considerando-os cínicos por livrarem-se da esposa de quem se cansaram, naturalmente por culpa dela, a culpa moral da separação recairia sobre Moisés que a teria ordenado. Jesus concorda com Moisés quanto à dureza dos corações e quanto ao pecado, além de manifestar o mesmo desejo de ajudar. Sua ajuda, entretanto, não consiste em liberalizar ainda mais o divórcio, mas, sim, em re-interpretar Moisés e refinar o seu preceito à luz do que era “desde o princípio”. Na cláusula de exceção, Jesus só aceita um motivo para o divórcio. Seria impensável, por outro lado, que Jesus condenasse a mera separação como um adultério. É evidente que o que está em jogo nessa cláusula de exceção é o re-casamento.
6) Jesus está contra ou a favor de Moisés? Essa é uma questão importante que vai influir em nossa leitura. É verdade que Jesus pediu aos discípulos que buscassem uma justiça melhor que a dos fariseus. Se Jesus rejeitou o farisaísmo, o legalismo e a justiça de aparências exteriores, por ouro lado ele era um fiel e leal filho de Israel, um guardador da Palavra. “Ouvistes o que foi dito aos antigos: Não adulterarás. Eu porém vos digo: qualquer que olhar pra uma mulher com intenção ...”. Nesse ensino, o “eu porém vos digo” em nenhum momento está negando o “ não adulterarás” dos Dez Mandamentos de Moisés. Pelo contrário, o está reforçando e reinterpretando com maior rigor. Esse relacionamento de fidelidade para com a Lei e os Profetas e, ao mesmo tempo, a capacidade de interpretar melhor que os mestres e os doutores da lei, surpreendeu os líderes israelitas de seu tempo. produzindo perplexidade e desconcerto entre eles.
7) Como Jesus mesmo disse, “não penseis que vim revogar a lei ou os profetas. Não vim para revogar, vim para cumprir”. Jesus está manifestando fundamentalmente aprovação e harmonia em relação a Moisés. Só que Jesus preencheu o que antes ficara indefinido em Deuteronômio 24.1, “alguma cousa indecente”, deixando espaço para todo tipo de interpretação e práticas, ao sabor do egocentrismo dos homens, no caso de se repudiar a mulher. Jesus permite o divórcio num único caso excepcional. Essa harmonia fundamental em Moisés nos leva a considerá-la como um elemento corroborativo para a permissão de um re-casamento de pessoas que foram divorciadas por causa justa. Essa permissão é, como em Jesus, por causa da dureza dos corações, não uma licença alegre e universal. Na verdade, é uma licença restrita e triste.
8) A multiplicidade de formas de tradução da palavra pornéia indica os esforços dos biblicistas e exegetas em encontrar uma interpretação satisfatória para toda essa questão. Entendemos serem melhores as traduções que tomam a palavra pornéia em seu uso comum, sem muitas interpretações.
9) Buscar conhecer melhor a patrística pode ser um movimento saudável, porque os primeiros séculos da igreja cristã viram surgir verdadeiros gigantes espirituais e homens de Deus extraordinários. Basta pensar no Credo de Nicéia (325) e o Credo de Calcedônia (451) em que Deus permitiu que a Igreja, respondendo a heresias, definisse com maior clareza em que ela crê com respeito a Deus e a pessoa de Cristo, a fim de que percebesse que o período patrístico foi muito fecundo, com grandes desafios dentro e fora da Igreja, fazendo surgir homens de Deus corajosos e bons pensadores, pastores e teólogos talhados para enfrentar, com o Evangelho de Cristo no coração e na boca, as demandas difíceis do momento. Nós, evangélicos, muitas vezes vivemos distanciados dos pais apostólicos. Muitas de suas lutas e conquistas são também nossas lutas e conquistas. Quando pensamos em Atanásio, Irineu, Eusébio, Gregório, Agostinho e muitos outros pais e mártires, verificamos que no período após o Novo Testamento Deus não deixou a Igreja sem testemunhas. Importantes marcos sobre a pessoa de Cristo e a natureza de Deus foram estabelecidos para sempre.
10) Da mesma forma, os grandes reformadores foram homens de Deus que responderam de modo maravilhoso aos desafios de uma Igreja-Império (um império mundano em processo de mundanizar a Igreja com luzes e privilégios do poder) com a releitura das Escrituras e a redescoberta da obra única e suficiente do Senhor Jesus na cruz. Suas lutas e conquistas são, também, nossas lutas e conquistas e, sem dúvida nenhuma, somos herdeiros da reforma. Se em algum ponto da doutrina ou da prática encontramos uma luz melhor, nada impede que o reformulemos à luz da Palavra de Deus. Mas, na essência, em sua luta de fé, eles encontraram vitórias por todos nós, arriscando as suas vidas.
Portanto, não parece adequado o nome de “erasmiano” atribuído a todos os que no séc XVI ou depois procuraram tomar a sério Mateus 19.9. Erasmo foi humanista, uma figura marginal nos grandes embates da Reforma Protestante. Ele foi um filósofo liberal que, começando em uma posição cristã, foi caminhando para o liberalismo e depois caiu em heresia e está longe da ortodoxia bíblica. Esse é um epíteto depreciativo que não faz justiça aos homens de Deus de todos os séculos e ainda aos contemporâneos que queiram tomar como do Senhor a cláusula de exceção de Mateus.
Tanto a posição dos esponsais quanto a do casamento consanguíneo são idéias defendidas principalmente por teólogos católicos. Para uma discussão mais pormenorizada, em termos de exegese, recomendamos o trabalho de Carson, que examina sete posições citando urna porção de pesquisas recentes de outros autores evangélicos, apresentando as dificuldades e as virtudes de cada uma delas.
11) A leitura do contexto imediato de Mateus 19.9 mostra que a cláusula de exceção é uma resposta perfeitamente adequada e ligada logicamente ao contexto da discussão e, em particular, à expectativa criada pela pergunta dos fariseus. Isso reforça idéia de que essa cláusula não é uma colagem posterior ao texto, mas algo presente desde a composição dele.
12) O estudo do contexto de Mat 19.9 mostra, no diálogo entre Jesus e os fariseus, a existência de um padrão instituído por Deus, “o que Deus ajuntou não separe o homem” (v. 6), e a regulamentação pastoral de Moisés como verdade e afirmaçãos em conflitividade e tensão, exatamente como no encontro de Mateus 19.9 e os textos de Marcos e Lucas. Esse paralelismo, entendemos, reforça a tese de que os pólos de contraste não devem ser reduzidos textual, semântica nem exegeticamente. Eles devem ser mantidos tais quais estão, porque essa tensão verdadeira tem conseqüências pastorais importantes.
13) Examinamos o texto de Paulo em 1 Cor 7 e, mais detidamente, os versículos10 e 15 e procuramos caracterizar as suas dificuldades inerentes. Apesar de difícil, pudemos também encontrar o modelo, o padrão de Deus para o casamento e a regulamentação pastoral, dessa vez em caso de casamentos mistos entre pessoas crentes e não crentes. Como Paulo repete esse modelo, encontramos corroboração para que tomemos Mateus 19.9 a sério em nossa compreensão dessa matéria no campo exegética e pastoral.
14) Na proibição de separação e de re-casamento nos versículos 10 e 11 consta o padrão absoluto de Deus, constituindo-se paralelo perfeito com Marcos 10.1 e 12 e Lucas 16.18. Nos versículos 10 e 11, quando se pede que o crente não tome iniciativa de separação, e no versículo 15, quando se permite a separação e o divórcio no caso de a parte não crente desejar separar-se, há uma regulamentação pastoral que Paulo sentiu-se autorizado a fazer.
15) Essa questão não tem recebido muita elaboração de autores evangélicos. O prof Y Matsuki, no seu comentário sobre 1 Coríntios faz uma leitura muito cuidadosa, especificando que a separação ou divórcio não deve ser automática, caso a parte não-crente peça. Enfatizando a expressão “Deus vos chamou para a paz”, quando descobrirem que não é possível manter a fé de maneira nenhuma dentro desse casamento, quando houver perigo para a integridade física, moral e espiritualmente e o cônjuge não-crente pedir separação, então que se separem e se divorciem. Em todo o caso, nessa passagem aparece uma segunda exceção por regulamentação pastoral. A Bíblia Vida Nova anota “O princípio é conservar o casamento se for possível. Se o cônjuge não- crente deixar o outro em reação ao Evangelho, o crente não tem culpa” e cita passagens em Lucas 12:51ss; 14:26; 21, 16, em que, por causa do evangelho, há conflito dentro da família e até perigo de morte.
16) Cremos ser bíblica a permissão do divórcio em dois casos: a) no caso de relações sexuais ilícitas praticadas pelo cônjuge (Mt 19.9) e b) no caso de casamento misto em que o cônjuge não- crente abandona o crente (1 Cor 7.15). Mas não julgamos aceitável a sugestão do autor citado no começo deste ensaio, segundo a qual a morte espiritual atestada pela Igreja seria um terceiro motivo aprovado para divórcios. Nessa última categoria estão os casos, por exemplo, de cônjuge que não sustenta a família, que maltrate físicamente a mulher e os filhos, ou que esteja viciado em drogas, por exemplo.

Recomendações Pastorais

A indissolubilidade dos laços conjugais deve ser pregada e ensinada com ênfase. Noivos em preparação para o casamento devem conhecer bem o padrão perfeito de Deus como meta a ser alcançada. O “sim” dos noivos deve ter esse peso para que os abençoemos de coração.
O divórcio é, na ótica bíblica, uma tragédia. Nunca é uma solução alegre e universal. É uma possibilidade restrita permitida com tristeza, como exceção e, por isso, deve-se fazer sempre o máximo de empenho para reconciliar e restaurar famílias. Devemos ensinar mesmo quando houver adultério, que são necessárias paciência e oração pela restauração. O exemplo de Oséias do A.T., que amou sua esposa adúltera, é paradigmático. Esse amor do profeta pela esposa faltosa simboliza o amor de Deus pelo seu povo, muitas vezes idólatra ou apóstata. Deus oferece uma salvação completa e perfeita para o seu povo.
Quando ocorre o re-casamento, recomendamos modéstia, comedimento e discrição próprios de alguém consciente da tragédia sobre a qual está se realizando a nova união. Seria inapropriada uma comemoração sem um simultâneo sentido de quebrantamento e contrição de alma pela separação havida. Não se deve comemorá-lo como se fosse uma grande solução.
Modelo de uma Carta de Repúdio ou de Divórcio
(Estilo israelense, do tempo de Jesus)
No dia........da semana............do mês.............., ano de...........desde o início da criação do mundo, de acordo com o regulamento normal da Província de..................................... eu.........................., filho de......................................., qualquer que seja o nome pelo qual sou conhecido, da cidade de ......................................, estando em pleno gozo das faculdades mentais, e sem compulsão, imposição de espécie alguma, divorcio, dispenso e repudio a você ..................................... filha de .................... , qualquer que seja o nome pelo qual você seja conhecida, da cidade de....................................... , você, que foi minha esposa até aqui.

Mas agora está repudiada, você ......................................... , filha de............................., qualquer que seja o nome pela qual você é chamada, da cidade de ................................... , para que esteja livre e aos teus próprios cuidados, para que segundo a sua livre vontade se case com quem lhe agradar, sem impedimento algum da parte de ninguém, de hoje em diante e sempre. Você está livre, portanto, para qualquer pessoa que queira se casar com você. Seja esta a sua carta de divórcio escrita por mim, uma carta de separação e expulsão, de acordo com a lei de Moisés e Israel.
_____________________________
O marido

Testemunha............................... filho de................................
Testemunha................................ filho de................................

(Copiado de International Standard BibIe Encyclopaedia, “Divorce in OT’ in caput “Bill of 
Divorcement” - vol. II. p. 864 trad. do inglês, K. Yuasa).

Versões originais e outras do novo testamento consultadas
A) Grego (Versões originais)
1.‘The Greek New Testament”, Edited by K. Aland, M. Black, C. Martini, B. Metzger and A. Wikgren., United Bible Societies, New York, London, Edinburgh, Amsterdam, Stuttgart, 1966, 1968. (GNT)
2.“Pocket Interlinear New Testament”, Edited Green, Jay P., Baker Book House, Grand Rapids, Mich. 1979, 1988. O texto grego deste NT bilíngüe é da Trinitarian Bible Society, preparado, originalmente, por Schrivener, F.H.A. 1894, 1902, 1976. (PINT)
B) Português
1. Bíblia Sagrada, Trad. de Almeida, J.F. - Revista e Atualizada Sociedade Bíblica do Brasil, Brasília, 1975, 1969. (ARA)
2. Bíblia Thompson, Trad. de Almeida, J.F., Ed. Contemporânea, Ed. Vida, Deerfield, LF., 1990.
3. A Bíblia Viva, Ed Mundo Cristão, S. Paulo, 1981. (Original inglês: Living Bible, 1981 - Living Bibles International, Wheaton, III. (BV)
4. A Bíblia Sagrada, na Linguagem de Hoje, Soc. Bíblica do Brasil Baruerí, SP 1988.
5. O Novo Testamento, Nova Versão Internacional, Soc. Bíblica Internacional, S.Paulo, 1993.(NVI)
C) Japonês
1. Kyushinyakuseisho - The Holy Bible, containing the Old and New Testaments, with Reference. The American Bible Society. Japan Agency,Tokyo, 1932 - Versão Bungoo-yaku. (B)
2. Seisho – Nipponseishokyokai- Sociedade Bíblica Japonesa, Tokyo 1954(NT), 1955 (VT) - Versão Koogoo-yaku. (Ko)
3. Seisho -Sociedade Publicadora Bíblica - Tokyo, New Japanese Bible, The Lockmann Foundation, 1963, 1970 - Versão Shinkai-yaku.(S)
4.Seisho - Gendaiyaku Version Bible Publishing Society. - Trad.de Reiji Oyama, Tokyo, 1983 - Versão Guendai-yaku. (G)
D) Inglês
1. The Holy Bible, Authorized King James Version, J.A. Dickson Publishing Co., Chicago, LII. 1946.(KJ)
2. The Bible, Revised Standard Version, The British and Foreign Bible Society, Britain, 1975 (NT 1946, 1972). (RSV)
3. The New English Bible - New Testament - Oxford and Cambridge, University Press, 1961 - Versão Interconfessional entre Anglicanos, Presbiterianos, Metodistas e Batistas Britânicos. (NEB)
4.Holy Bible, New International Version, NIV, International Bible Society, Colorado Springs, 1973, 1984. (NIV)
E. Versões católicas
1. Biblia Sagrada, Edição Ecumênica, Trad. Pe. A. P. Figueiredo, Barsa, Rio de Janeiro, 1964, 19778 - com Introduções interconfessionais e dicionário doutrinário católico. Ninil Obstat e Linprimatur. (APF)
2. Bíblia Sagrada. Trad. dos originais mediante versão dos Monges de Maredsous (Bélgica), pelo Centro Bíblico Católico, Ed. Ave Maria, São Paulo, SP, 1982 (42ª ed.) com dicionário Católico. Imprimi Potest e Imprimatur de São Paulo. (CBC)
3. La Sainte Bible, L’École Biblique de Jérusalem, Ed. Cerf, Paris, 1955, 1961 - Versão francesa. (BJF)
4. Bíblia de Jerusalém. Traduzida sob direção de J.A. Ubieta dos originais, segundo a crítica textual e interpretação da Biblia chamada de Jerusalém (francês) da Escola Bíblica de Jerusalém, Desclée de Brouwer, Bruxelas e Bilbao, 1967. Versão espanhola. (BJE) 
5.Shinyakuseisho - The New Testament - Japanese Interconfessional Translation. Japan Bible Society, Tokyo, 1983 (cum approbatione ecclesiastica).Versão japonesa Kyoodoo-yaku. (Kyo)
Bibliografia geral
Dicionários:
Greek English Lexicon of the New Testament, Editors: Louw, Johannes P. and Nida, Eugene A. United Bible Societies, 19**.
Verbetes “Divorce in the O. T.”, Davies, W.W., e “Divorce in NT” Cavero, C. Vol. II pp. 863-866 em International Standard Bible Ecyclopaedia - ISBE - General Editor ORR, James, Eerdmans, Grand Rapids, Mich, 1984 (1939) - É particularmente bom para os costumes judaicos e o contexto cultural de Mateus 19.3-12.
Dictionary of New Testament Theology, 4 vol., verbetes “Divorce”, “Discipline”, etc. Editor Brown, Colin, Regency, Grand Rapids, Mich., 1986 (1975) Traduzido do alemão “Teologisches Begriefslexicon zum Neuen Testament, Theologisher Verlag, Wuppertal, 1971. É particularmente bom para o recenseamento dos usos e costumes relativos à palavra pornéia no contexto grego. (contexto de Corinto).

Comentários: 
Carson, D. A., “Matthew”, em Expositor’ s Bible Commentary, General Editor Gaebelin, Frank E., Zondervan Co., Grand Rapids, Mich. 1984.
Champlin, Russel N., “N. Testamento interpretado”, A Voz Bíblica, Guaratinguetá, SP, s.d., 6 vols.
Mare, W. Harold, “1 Corinthians” em Expositor’s Bible Commentary, 10 Vol. General Editor, Zondervan Co. Grand Rapids, Mich., 1976.
Matsuki, Yuzo “Corinto Dai Iti no Tegami”, Depto. Publicações da Igreja Holiness do Japão, Tokyo, 1989: Recenceia as várias possibilidades de interpretar 1 Cor. 7.15, e é muitíssimo cuidadoso em suas afirmações. O autor, falecido, foi presidente da Igreja Holiness do Japão.

Ensaios: 
Hill, Craig, “Casamento: Contrato ou Aliança?”, Marriage Ministries International, Pompéia, SP, 1992.
Evans, Tony “Divórcio e Novo Casamento”, Ed. Vida, São Paulo, SP, 1997. (1995, Moody, Chicago, III).

Bibliografia católico-romana
Código de Direito Canônico, Promulgado por João Paulo II, Papa, Edições Loyola, S. Paulo, 1983 - Tratamento global da matéria. Para ilustrar o que é um tratamento global no estilo do direito canônico católico, transcrevemos os nomes dos títulos, capítulos e artigos sobre o Matrimônio:
Do Matrimônio: Can.1055-1062.
Do Cuidado Pastoral e do que deve preceder a Celebração: Can.1063-1072.
Dos Impedimentos Dirimentes em Geral: Can.1073-1082.
Dos Impedimentos Dirimentes em Especial: Can.1083-1094.
Do Consentimento Matrimonial: Can.1095-1107.
Da Forma de Celebração do Matrimônio: Can.1108-1123.
Dos Matrimônios Mistos: Can.1124-1129.
Da Celebração Secreta do Matrimônio: Can.1130-1133.
Dos Efeitos do Matrimônio: Can.1134-1140.
Da Separação dos Cônjuges: Can.1141-1150.
Da Separação com Permanência do Vínculo: Can.1151-1155.
Da Convalidação do Matrimônio: Can.
Da Convalidação Simples: Can.1156-1160.
Da Sanatio in Radice do Matrimônio: Can.1161-1165.
Dicionário da Bíblia, Castro Pinto, J. A. L., de 1967, editado junto à Bíblia Sagrada, Ed. Ecumênica, Trad. A. P. Figueiredo, Barsa, 1972 - verbete “Divórcio” pp. 42 e 43
Índice Doutrinal: verbete “Divórcio”, na Bíblia Sagrada, do Centro Bíblico Católico, São Paulo, 1982, p.1.581 e 2.
 
http://www.ultimato.com.br/revista/artigos/294/divorcio-e-novo-casamento-um-estudo-biblico-inicial