quarta-feira, 9 de março de 2011

O Casamento nos Tempos Bíblicos


O casamento‚ um dos temas mais evocados na Bíblia é utilizado para ilustrar muitas verdades espirituais nela contidas. Como regra geral, um casamento nos tempos bíblicos era arranjado pelos pais ou familiares do jovem casal. O pai geralmente estabelecia os planos para o futuro de seu filho e procurava uma jovem dentro de sua própria família para lhe ser por esposa (casamento entre primos era muito comum, como no caso de Isaque e Rebeca, e de Jacó, Lia e Raquel).  Nos dias de Jesus, um jovem rapaz usualmente se casava com cerca de 18 anos de idade, e uma moça logo que atingia a puberdade, com a idade de 12 a13 anos.
O pedido de casamento e os arranjos necessários para a cerimônia eram feitos por um representante da família do noivo (para o casamento de Isaque, Eliezer, servo de Abraão, funcionou como o agente casamenteiro). Nos dias do Novo Testamento, o "amigo do noivo" se ocupava desta função, ver João 3:29.
O jovem pretendente deveria pagar um dote à família da noiva.  Na Torá  [Pentateuco], esse dote era estipulado em 50 siclos de prata (ver Êxodo 22:16-17 e Deuteronômio 22:29). Essa soma pertencia à noiva e servia como um tipo de seguro financeiro em caso de morte do esposo ou de divórcio.  Com o tempo, se tornou um costume amarrar em círculos, ou semicírculos, moedas pagas no dote e usá -las como enfeite de cabelo nas mulheres casadas.
Essas moedas se tornaram um símbolo do casamento semelhante hoje à aliança, ou anel, de casamento.  A perda de alguma destas moedas seria motivo de grande preocupação, como o ilustrou Jesus na parábola da mulher que perdeu uma dracma em Lucas 15:8-10.
Se o noivo não tinha como pagar a soma em dinheiro poderia, então, conseguir o dote trabalhando para o pai da moça (como Jacó e Moisés que trabalharam para seus respectivos sogros), ou realizando algum feito extraordinário a pedido do sogro (Otoniel conquistou uma cidade para casar-se com a filha de Calebe, Davi teve de vencer e matar cem filisteus para casar-se com Mical, filha de Saul). Era costume também o pai da jovem dar algum presente a filha que se casava (servos, terra, etc.), aumentando o valor que ela recebia com o dote.
A cerimônia de casamento começava oficialmente com o noivado.  O noivado tinha o valor de compromisso totalmente assumido, e o noivo só poderia deixar sua noiva através de um divórcio formal.  Ambos já se referiam um ao outro como marido e mulher, ainda que o casamento não tivesse sido consumado.  Uma jovem que fosse infiel ao noivo no período de noivado era considerada como uma adúltera, e sofria a pena imposta pela lei do cônjuge que adulterasse: a pena de morte (ver Deuteronômio 22:23-27).  Se o noivo morresse antes da consumação do casamento, a noiva era considerada como uma viúva.  Por isto, um rapaz que estivesse comprometido em noivado era dispensado do serviço militar, assegurando-se assim que nenhuma calamidade de guerra pudesse impossibilitar a consumação do casamento.
O período de noivado durava cerca de 12 meses, e a jovem permanecia na casa dos seus pais preparando seu enxoval para o casamento, enquanto o rapaz ia preparar a futura casa onde eles morariam e fazer a provisão necessária para todo o cerimonial da festa.
Esse período de noivado e os costumes correspondentes ao mesmo esclarecem, por exemplo, a razão de Maria já  ser considerada esposa de José ainda que o casamento não tivesse se consumado, e o motivo de José querer divorciar-se dela em segredo, a fim de que a acusação de adultério não fosse levantada contra Maria (que na época tinha a idade de uma adolescente).
Esse período de noivado e preparação para a cerimônia final do casamento é ricamente utilizado no Novo Testamento para representar o período entre a primeira e a segunda vinda de Jesus. O Messias‚ o noivo, Sua Qehil  [Igreja], Seu povo‚ a noiva, e este noivado foi firmado na Sua primeira vinda.  Ele foi ao céu preparar o local, a casa, para onde levar  Sua noiva (João 14:1-3).  Seu povo, enquanto espera o Seu retorno, prepara o seu enxoval e se adorna com vestes brancas de justiça, com ouro da fé e boas obras, para o grande dia das Bodas do Cordeiro (Apocalipse 19:7-9). 
Para a cerimônia de bodas, a noiva literalmente se adornava como uma rainha.  Ela se banhava, se vestia com as vestes mais finas que as posses de seus pais lhe permitiam, e seu cabelo era enfeitado com o maior número possível de pedras preciosas e enfeites de ouro que sua família podia comprar ou emprestar (ver Salmos 45:13-14; Isaías 61:10; Ezequiel 16:11-13).
  Um grupo de jovens amigas, chamadas de “companheiras” ou "virgens", ajudavam-na a vestir-se e a se preparar para a festa.  O noivo também se vestia como um rei, se adornando o melhor e o mais ricamente possível (Isaías 61:10).  Acompanhado de um grupo de jovens rapazes, seus "companheiros" ou "valentes", ele saía de sua casa e se dirigia à casa dos pais da noiva.
 Nos tempos de Jesus a cerimônia era realizada à noite, e os companheiros do noivo levavam consigo tochas acesas para iluminar o caminho.  Na casa da noiva, esta o esperava, e suas companheiras tinham lâmpadas de óleo acesas para acompanhá -la no cortejo à casa dos nubentes onde ocorreria a festa.  Ao aproximar-se o noivo, a noiva se cobria totalmente com um véu a ser retirado somente após o casamento.
 Na época de Jacó, o véu só era retirado após a primeira noite de núpcias, quando o casamento já  tinha se consumado.  Isto explica a razão de Jacó não saber que estava se casando com Lia em vez de Raquel (ver Gênesis 29:23-25).  A noiva subia a uma liteira (estrutura de madeira com cadeiras no alto usadas para transportar pessoas de alta posição social) e sentava-se ao lado do seu noivo, eles eram então transportados em cortejo com muita música e alegria para o novo lar do casal (ver Cantares 3:6-11 e Mateus 25:1-13).
 Uma vez na casa dos noivos, começava-se então a festa das bodas que se estendia por sete dias (Gênesis 29:27-28; Juizes 14:12; João 2:2-10).  Os festejos ocupavam a maior parte do dia e uma parte da noite.  O jovem casal se assentava sobre uma plataforma coberta, e durante os festejos os convidados traziam os seus presentes, as bênçãos de Deus eram invocadas sobre os noivos, e o compromisso de uma aliança solene era assumido por eles diante de Deus e diante de todos os convivas (Ezequiel 16:8; Malaquias 2:14).
 Nas famílias mais abastadas, os pais proviam uma "veste nupcial" especial para todos os convidados (Mateus 22:12).  Esta imagem da cerimônia de bodas ‚ vividamente utilizada na Bíblia para representar a segunda vinda de Jesus que, acompanhado dos anjos, vem buscar Sua noiva, Sua Igreja, para levá - la ao lar que Ele preparou.
  Haverá  então uma grande festa de bodas à qual todos estão convidados a participar, e bem-aventurados são os que aceitarem e se vestirem com as vestes nupciais providas por Deus, a justiça do Messias, pois terão direito à vida eterna, habitarão para sempre na Nova Jerusalém e tomaram posse da Nova Terra restaurada por Deus (Mateus 22:1-14; Apocalipse 19-22).

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