Sexo fora do
casamento é pecado; todos os cristãos sabem isso, e os incrédulos
também. Não ter sexo no casamento (sob as circunstâncias ordinárias)
também é pecado; talvez nem todos estejam cientes disso. De acordo com 1
Coríntios 7:3-5, sexo no casamento é uma dívida. Negligenciar ou
recusar fazer sexo com o seu cônjuge é roubo, uma quebra do oitavo
mandamento: “Não furtarás”.
A Bíblia tem coisas importantes para dizer sobre solteirismo,
casamento e sexo. Dessa forma, a igreja deve ensinar esses assuntos, bem
como as verdades da Santa Trindade, o fim dos tempos e a graça
irresistível. A igreja ensina esses assuntos em sermões, salas de
catecismo, aulas para noivos e (como agora) mediante escritos. Pais
sábios também falam com seus filhos sobre essas questões, como fez
Salomão com seu filho em Provérbios (e.g., Provérbios 2:16-19; 5:3-23;
6:24-35; 7:6-27; 9:13-18).
Sem dúvida, a maneira, bem como o conteúdo, do ensino cristão sobre
casamento e sexo é bem diferente daquela do mundo. Não objetivamos
instigar ou excitar os santos, nem somos pudicos, simplesmente ignorando
o assunto. Em vez disso, proclamamos o ensino bíblico sobre sexualidade
com pureza e autoridade.
Jesus Cristo é Senhor, e isso significa que Ele é Senhor do casamento
e do lar do casal também. Ele tem coisas a dizer aqui. Assim, nosso
objetivo é a glória de Deus em Jesus Cristo e a edificação dos santos.
Dentro dessa estrutura e com esse espírito, consideremos o dever do sexo
no casamento.
1 Coríntios 7 fala de marido e esposa dando a “devida benevolência” um ao outro. “O marido pague à mulher a devida benevolência, e da mesma sorte a mulher ao marido”. “Devida benevolência”
aqui não significa que marido e esposa devem mostrar um ao outro apenas
bondade em geral. Considere o contexto. Um propósito do casamento é “evitar a fornicação” (2). No casamento, seu cônjuge tem autoridade sobre o seu corpo, especialmente no leito matrimonial (4). A “incontinência” no versículo 5 refere-se a falta de auto-controle sexual. Assim, “devida benevolência” em 1 Coríntios 7:3 refere-se especificamente à bondade devida ao cônjuge na relação sexual.
Essa “benevolência” sexual é “devida” ao seu
cônjuge. É uma dívida, algo que você deve ao seu marido ou esposa. Não é
meramente um favor que você faz caso seu cônjuge tenha sido bom. Obviamente
alguns, por causa da idade avançada ou debilidade, etc., são incapazes
de cumprir essa dívida, mas cônjuges cristãos normais devem pagar esse
débito. Você está pagando esse débito ao seu marido ou esposa?
Pessoas casadas são donos das roupas e comidas que compram, e também da relação sexual com o seu cônjuge: “A
mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o marido; e
também da mesma maneira o marido não tem poder sobre o seu próprio
corpo, mas tem-no a mulher” (4) Seu cônjuge tem autoridade sobre o seu corpo sexualmente falando; não você.
Alguns podem objetar que eles não se lembram de jurar entregar a
autoridade dos seus corpos nos votos de casamento. Provavelmente isso
não foi mencionado em tantas palavras, mas a natureza do casamento como
uma união de “uma só carne” implica que seu cônjuge tem
autoridade sobre o seu corpo sexualmente, e não você. Esse é um
pensamento cristão sóbrio. Sem dúvida, isso reflete também o grande
casamento que nossos casamentos devem refletir. A igreja, a noiva de
Cristo, é dona do seu próprio corpo? Não, a noiva de Cristo está sob a
posse e autoridade de Cristo, seu esposo.
Estamos agora numa posição mais adequada para analisar o pecado de um
casamento sem sexo (assumindo que o sexo é fisicamente possível). É
roubo não entregar o que é devido. É roubar o seu próximo mais chegado, a
saber, o seu próprio cônjuge. É defraudar ele ou ela (5). Isso introduz
a idéia de engano e fraude. O casamento, por definição, inclui dar-se
ao seu cônjuge. Ao recusar se entregar sexualmente, como prometeu, você
comete traição. Isso está fundamentado no egoísmo, o desejo de fazer o
que quiser com o seu corpo e não o que o seu cônjuge quer. Esse egoísmo
brota da incredulidade, a falta de fé na união vital e espiritual entre
Cristo e a Sua igreja que o seu casamento e relação sexual deveriam
retratar.
O pecado tem conseqüências. Deus julgará e castigará você por ele.
Seu cônjuge será ferido, seriamente ferido. Recusar seus desejos sexuais
é algo cruel. Ignorar ou ser indiferente para com ele ou ela é
impiedade. Cristo não trata assim a Sua esposa! Seu cônjuge se sentirá
insatisfeito, trapaceado e provavelmente se tornará (pecaminosamente)
amargo e ressentido. Assim, seu casamento sofrerá. A intimidade física
de todos os tipos se secará e você perderá a intimidade emocional e
espiritual também.
Pecados maritais impendem as suas orações (1 Pedro 3:7). As orações
nas devoções em família se tornam difíceis; as orações ficam sem
resposta. A leitura da Escritura também se torna um dever árduo.
Eventualmente isso pode levar a devoções em família infrequentes ou à
completa negligência.
Nenhuma relação sexual no casamento também torna o seu cônjuge mais
vulnerável ao pecado de adultério Lembre-se: um dos propósitos do
casamento é evitar a fornicação (2; cf. Provérbios 5:18-20). Satanás tem
um interesse no seu leito matrimonial. Ele anda em derredor, “buscando a quem possa tragar” (1 Pedro 5:8). Não vos defraudeis!
1 Coríntios 7:3-5 ensina parte do chamado de maridos e esposas. Eles
não devem permitir que se tornem sexualmente indiferentes para com seus
cônjuges. Não há lugar para escusas mentirosas: “Estou com dor de cabeça”.
Isso não é uma licença para explorar ou abusar do seu cônjuge. Nem é um
incentivo à tirania masculina. O marido é o cabeça que deve “alimentar” e “sustentar” a sua esposa (Efésios 5:29). 1 Coríntios 7:3-4 enfatiza a igualdade entre marido e mulher: o marido deve dar a “devida benevolência” à sua esposa, e “igualmente” a esposa ao seu marido (3), e o marido tem autoridade sobre o corpo da sua esposa, “também da mesma maneira o marido não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no a mulher”
(4). Assim, no sexo — como em todas as coisas, exceto no pecado — o
marido e a esposa cristãos devem procurar agradar um ao outro, e não a
si mesmos, pois o amor “não busca os seus interesses” (1 Coríntios 13:5).
Qual então é o papel do sexo no casamento?
Primeiro — Sexo não é a única coisa no casamento.
Êxodo 21:10, uma lei regulando (embora não requerendo ou aceitando) a
poligamia, declara: “Se lhe tomar outra, não diminuirá o mantimento desta, nem o seu vestido, nem a sua obrigação marital”. A “obrigação marital” (Êxodo 21:10”) é a “devida benevolência”
(1 Coríntios 7:3), ou relação sexual. Providenciar comida e roupa para a
esposa também é mencionado. (Incidentalmente, por que jovens cristãos
estão namorando ou noivando, se não estão numa posição de sustentar uma
esposa, mesmo num futuro previsto?) Ainda mais fundamental, os maridos
devem amar suas esposas e as esposas devem se submeter aos seus maridos
(Efésios 5:22-33). Além do mais, os maridos devem governar suas esposas
em amor e elas devem ser auxiliadoras de seus maridos (Efésios 5:22-33;
Gênesis 2:20s). Isso envolve 101 deveres de um para com o outro.
Segundo — O sexo não é a principal coisa no
casamento. A coisa principal é o relacionamento pactual no Senhor
(Malaquias 2:14). Aqueles que fazem do sexo a coisa principal no
casamento ficarão dolorosamente desapontados.
Terceiro — Sexo não é a base para o casamento. A
verdade da Palavra de Deus é o fundamento do casamento cristão. A
amizade pactual de um pelo outro é baseada sobre essa unidade na
doutrina da Palavra de Deus em Cristo.
Onde então o sexo entra no casamento?
Deve haver o amor de Deus em seu coração por seu cônjuge. Fluindo desse amor, e como uma expressão desse amor, está a bênção da relação sexual. Assim, embora o sexo no casamento seja um chamado e um dever, ele é mais que um dever. É uma coisa alegre e prazerosa, deliberada e natural, uma expressão de amor mútuo e um retrato da união de Cristo com a Sua noiva, a igreja.
Há uma exceção ao dever do sexo no casamento — além daquele da impossibilidade física — se três condições forem satisfeitas.
Primeiro — Deve ser “por consentimento mútuo” (1 Coríntios 7:5) — não uma decisão unilateral do marido ou da esposa, mas de ambos.
Segundo — Deve ser “por algum tempo” (5). Não para o resto de suas vidas, ou por anos, mas por um período específico. Mais tarde eles devem se “ajuntar outra vez” sexualmente (5).
Terceiro — A abstinência sexual deve ser “para vos aplicardes ao jejum e à oração”
(5). Não porque eles simplesmente estavam com vontade. Deus colocou
certo peso em seus corações, de forma que os prazeres de comer e ter
sexo são postos de lado por um tempo, para que possam se focar melhor em
buscar a Deus. Todas as três condições devem ser satisfeitas
— consentimento mútuo, curta duração e propósito religioso (para oração e
jejum) — para um período de abstinência sexual. Onde todas as três
condições não são satisfeitas, a “devida benevolência” da relação sexual permanece.
1 Coríntios 7:3-5 contém várias lições vitais
Primeiro — A relação sexual é a regra no casamento (e a exceção é rara e curta).
Segundo — Maria não foi uma virgem perpétua. O
Concílio de Trento de Roma lançou um anátema sobre todos aqueles que
negassem que Maria jamais teve relação sexual com o seu marido, José,
após o nascimento de Cristo, mas Deus requer que as esposas dêem a “devida benevolência” aos seus maridos (3-5).
Terceiro — A passagem assume que um casal cristão
pode escolher jejuar e orar juntos. Você alguma vez já desistiu de
comida e sexo, para buscar a face de Deus com maior fervor?
Quarto — Não há nada vergonhoso ou impuro numa
relação sexual. Aparentemente, alguns em Corinto enalteciam a virgindade
até o céu e/ou exigiam o celibato no casamento, visto que a relação
sexual era vista como de certo modo questionável em santidade ou pureza.
“Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula”
(Hebreus 13:4). Essa visão deturpada sobre casamento e sexo não é
encontrada apenas no Romanismo. John Wesley ensinou a superioridade da
virgindade ao casamento, e em geral aconselhava contra o casamento. Ele
foi irremediavelmente influenciado por sua leitura dos pais da igreja
primitiva e de autores católico-romanos (que lançam dúvidas sobre a
bondade do casamento e do sexo). Mesmo quando Wesley se casou, ele
mostrou um mau exemplo, pois, em geral, negligenciava sua esposa e o
relacionamento deles era “distante e infeliz” (Stephen Tomkins, John Wesley, p. 167).
Quinto — 1 Coríntios 7 implica que marido e esposa falam sobre assuntos sexuais juntos, pois entram em “consentimento”
para se abster por um tempo por razões religiosas (5). Em geral, os
maridos e esposas cristãos devem procurar agradar um ao outro, e viver
sob o senhorio de Cristo no casamento e no sexo.
Angus Stewart
http://www.verdade-viva.net/o-dever-do-sexo-no-casamento/
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