quinta-feira, 6 de agosto de 2015

O perigo do casamento misto


Por Rev. Jocarli A. G. Junior


Nosso grande inimigo, Satanás, tem uma ferramenta perigosa usada durante séculos. Ele nunca muda, e sua articulação ainda funciona como um passe de mágica em nossos dias. Ele a usa para causar estragos entre o povo de Deus e para tentar impedir o trabalho do Senhor. Que ferramenta é essa? O casamento misto!

Geralmente quando você questiona um crente que está prestes a se casar com incrédulo, as respostas são sempre as mesmas, observe:
  • “Eu o amo, e o amor é o que realmente importa”.
  • “Ele prometeu ir a Igreja comigo e as crianças”.
  • “Se eu romper com o relacionamento, ele não terá ninguém para conduzi-lo a Cristo. Além disso, tenho certeza de que ele vai se tornar um cristão”.
  • “Eu orei sobre isso e senti paz em meu coração de que esta é a vontade de Deus”. 
No entanto, você precisa saber: essa nunca é a vontade de Deus! Deus deixou bem claro que é pecado para os Seus filhos se casar com pessoas ímpias. Sendo assim, Deus nunca vai desejar que você peque!

Essa é a mensagem de Malaquias 2.10-12. Os sacerdotes não viviam da maneira que Deus havia estabelecido em Sua Palavra e ainda faziam com que muitos tropeçassem (2.8 e 9). Na verdade, eles estavam se divorciando de suas esposas judaicas e se casando com mulheres estrangeiras (Ml 2.13-16). Através do profeta Malaquias, o Senhor adverte ao Seu povo contra o pecado do casamento misto.

I. O Casamento misto é um pecado contra Deus.

“Não temos nós todos o mesmo Pai? Não nos criou o mesmo Deus? Por que seremos desleais uns para com os outros, profanando a aliança de nossos pais?” (vs 10)

Nosso texto descreve quatro aspectos deste pecado:

A. É um pecado contra a paternidade de Deus.

“Não temos nós todos o mesmo Pai? Não nos criou o mesmo Deus?” (v. 10) – A palavra “Pai” é provavelmente um paralelo a Deus, de modo que “Pai” se refere a Deus (cf. 1.6), não a Abraão, como alguns sugerem.[1] Israel era como filho primogênito de Deus (Êx 4.22; Os 11.1; Am 3.2). Deus criou e formou a nação de Israel (Is 43.1). Ele estabeleceu uma aliança com o povo de Israel, destacando-os de todos os outros povos (Dt 7.7). O profeta Isaías refere-se explicitamente ao Senhor como o pai de Israel: “Mas tu és nosso Pai, ainda que Abraão não nos conhece, e Israel não nos reconhece; tu, ó SENHOR, és nosso Pai; nosso Redentor é o teu nome desde a antiguidade” (Is 63.16). Assim, como um Pai celestial todo-sábio, Deus tem o direito de dizer ao seu povo com quem eles podem e não podem se casar. Se Judá era o povo escolhido e redimido por um Deus que se dignou a ser o seu Pai, como é que eles poderiam abusar desta aliança?

Se você conhece a Jesus Cristo como Salvador e Senhor, você não é mais o dono de sua própria vida. Você foi comprado por um alto preço, o sangue de Cristo. Isso significa que você deve obedecer a Sua santa vontade. Ou seja, você só é livre para se casar da maneira que Deus estabeleceu em Sua Palavra. Como veremos mais adiante, Sua vontade é que você se case com alguém comprometido com o Senhor, e não com um incrédulo.

B. É um pecado contra a santidade de Deus.

“Judá profanou a aliança do Senhor... e o santuário do SENHOR...” (v. 10 e 11) – Deus é santo, o que significa que Ele é totalmente separado do pecado. Ele chama o Seu povo para ser santo também (Lv 19.2; 1Pe 1.16). Aqui o Senhor declara que Judá havia profanando a aliança (2.10) e o santuário (2.11), literalmente, o lugar santo. Deus havia dito que Ele habitaria no meio deles e eles seriam o seu povo (Lv 26.11-12).

“... e se casou com adoradora de deus estranho” (v. 11) – Ao se casarem com estrangeiras que adoravam a outros deuses, os Judeus haviam contaminado o local da presença de Deus.

A expressão “adoradora de deus estranho” se refere às mulheres pagãs, que adoravam aos deuses falsos. (Se qōḏeš se refere ao “santuário”, então possivelmente a profanação faz referência ao envolvimento dessas mulheres no culto do templo).[2] Judá profanou a aliança de seus pais ao se casar com a “adoradora de um deus estranho” (2.11).

Você pode pensar que se casar com um incrédulo é apenas imprudência, ou talvez um pecado “menor” ou “leve”. Mas Deus declara que eles foram desleais e que este ato foi uma abominação (2.11). A palavra “abominação” (tow ̀ebah, em hebraico) é utilizada em outros lugares para se referir a idolatria, feitiçaria, sacrifício de crianças aos ídolos e para homossexualidade (Dt 13.14; 18.9-12; Lv 18.22).

Além disso, a palavra “casar” usada nesta passagem é baal, a forma substantiva do que significa senhor, mestre, marido.[3] Observe o jogo de palavras: “casou [Baal] com adoradora de um deus estranho” (2.11). Baal era o deus falso adorado pelos Cananeus e Fenícios. Esta não foi a primeira vez que Israel tinha cometido o pecado com as mulheres que adoravam ao deus Baal. Ao longo da história Satanás tem usado o casamento com incrédulos para transformar a devoção do povo de Deus.

Casamento Misto no Antigo Testamento.

Gênesis
“... Vendo os filhos de Deus que as filhas dos homens eram formosas...” (v. 2) – Em Gênesis 6, Satanás usou casamento ilícito para corromper o ser humano, levando ao julgamento do dilúvio. Em Gênesis 24.1-4, Abraão fez o seu servo jurar pelo Senhor, que ele não iria tomar uma esposa para Isaque dos cananeus. Duas gerações mais tarde, Esaú casou-se com duas esposas incrédulas. Ressalta-se repetidamente que essas mulheres trouxeram tristeza para Isaque e Rebeca (Gn 26.34-35; 27.46; 28.8). Mais tarde (Gn 34) a filha de Jacó, Diná se envolveu com um homem cananeu. Seu povo convidou os filhos de Jacó para se “aparentarem” e se “casarem” com eles e viverem entre eles (Gn 34.9). Em seguida, o filho de Jacó, Judá, se casou com uma mulher cananéia e começou a viver como um cananeu (Gn 38).

Se Israel tivesse continuado a se casar com os cananeus, teria sabotado o plano de Deus de fazer uma grande nação dos descendentes de Abraão, e para abençoar todas as nações através deles. Assim Deus soberanamente permitiu que José fosse vendido como escravo ao Egito, resultando em toda a família de Jacó se mudando para lá, onde eles, eventualmente, serviram como escravos por 400 anos. Este tratamento drástico solidificou as pessoas como uma nação separada e os impediu de casarem com os gentios.

Mais tarde, através de Moisés, Deus advertiu ao povo a não se casarem com os povos da terra (Êx 34.12-16; Dt 7.1-5).

Balaão

Um dos inimigos mais formidáveis ​​que Moisés teve de enfrentar foi Balaão, que aconselhou Balaque, rei de Moabe, contra Israel. Deus impediu Balaão de amaldiçoar Israel. Mas Balaão aconselhou Balaque com um plano insidioso: corromper as pessoas que você não pode amaldiçoar. Levá-los a se casarem com suas mulheres moabitas. O plano trouxe muito danos, até que Finéias tomou medidas ousadas para parar a praga em Isael (Nm 25.1-9).

Sansão, Salomão, Acabe, Josafá e outros


Ao longo da história de Israel, o casamento com mulheres pagãs trouxe muitos problemas. O ministério de Sansão foi anulado através de seu envolvimento com as mulheres dos filisteus (Jz 16.4-22). As mulheres estrangeiras perverteram o coração do rei Salomão e o levaram para longe do Senhor (1Reis 11.1-8). A ímpia Jezabel, uma idólatra estrangeira, estabeleceu a adoração ao deus Baal, durante o reinado do seu fraco marido judeu, Acabe (1Rs 16.29-22.40).

O rei Josafá quase arruinou a nação, unindo seu filho em casamento a Atalia, filha de Acabe e Jezabel (2Cr 18.1). Os efeitos terríveis deste pecado não vieram à tona durante a vida de Josafá. Seu filho, Jeorão, que se casou com Atalia, abateu todos os seus irmãos e levou a nação à idolatria (2Cr 21). Deus o feriu com uma doença e ele morreu depois de oito anos no cargo. Seu filho Acazias se tornou rei e durou um ano antes de ser assassinado.

Em seguida, a ímpia Atalia executou um terrível plano. Ela abateu todos os próprios netos (exceto um, que estava escondido) e governou em maldade durante seis anos (2Cr 22.10-12).

Esdras e Neemias

Depois do cativeiro, quando Esdras ouviu que alguns dos remanescentes tinham se casado com mulheres estrangeiras, ele rasgou suas vestes, puxou alguns dos cabelos de sua cabeça e barba, e se prostrou com o rosto em terra totalmente horrorizado. Isto foi seguido por um tempo de luto nacional e arrependimento (Ed 9 e 10). Apenas alguns anos mais tarde, Neemias descobriu que alguns judeus haviam se casado com mulheres cananéias. Ele argumentou com eles, pronunciou uma maldição sobre eles, atingiu alguns deles, e puxou seus cabelos, chamando suas ações de grande mal (Ne 13.23-29)! Um dos sacerdotes havia se casado com a filha de Sambalate, um dos principais inimigos de Neemias no projeto de reconstrução dos muros de Jerusalém (Ne 4.1-5). O ministério de Malaquias se encaixa no tempo de Neemias.

Casamento misto no Novo Testamento

O Novo Testamento é igualmente claro: “Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas? Que harmonia, entre Cristo e o Maligno? Ou que união, do crente com o incrédulo? Que ligação há entre o santuário de Deus e os ídolos? Porque nós somos santuário do Deus vivente, como ele próprio disse: Habitarei e andarei entre eles; serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” (2Co 6.14-16).

Quando Paulo deu instruções àqueles que estavam casados com incrédulos (1Co 7.12-16), ele não estava endossando o casamento misto. Em vez disso, ele estava dando conselhos para aqueles que se tinham tornado crentes depois do casamento, mas cujos cônjuges permaneciam incrédulos.

O conceito de “jugo desigual” vem de Deuteronômio 22.10, “Não lavrarás com junta de boi e jumento”. O boi era um animal limpo para os judeus, mas o burro não era (Dt 14.1-8), e seria errado juntá-los. Além disso, eles têm duas naturezas opostas e nem sequer trabalham bem juntos. Seria cruel uni-los.[4] Da mesma forma, é errado para os crentes se colocar em jugo desigual com os incrédulos.

Deus deseja uma linhagem santa, um povo separado e distinto. Isto se aplica ao compromisso mais solene que você vai assumir na vida, a decisão com quem você vai se casar. Nunca foi a vontade de Deus que os Seus filhos se casassem com incrédulos.

A Confissão de Fé de Westminster declara: “A todos os que são capazes de dar um consentimento ajuizado, é lícito casar; mas é dever dos cristãos casar somente no Senhor; portanto, os que professam a verdadeira religião reformada não devem casar-se com infiéis, papistas ou outros idólatras; nem devem os piedosos prender-se desigualmente pelo jugo do casamento aos que são notoriamente ímpios em suas vidas ou que mantém heresias perniciosas” (Hb 13.4; ITm 4.3; Gn 24.57-58; 1Co 7.39; 2Co 6.14 – Capítulo XXIV – Do Matrimônio e do Divórcio, III).

Tanto no Antigo Testamento quanto no Novo Testamento não encontramos esteio para o casamento misto. Assim, para um crente se casar com um incrédulo é pecar contra Deus que criou o Seu povo e que os chama para serem santos.

Se o cristão é submisso a Cristo, não procurará começar um lar que desobedece à Palavra de Deus. Se você é solteiro, não case com um incrédulo! Além disso, cuidado com crentes nominais que afirmam conhecer a Cristo, mas que não estejam comprometidos em viver em obediência a Ele.

C. É um pecado contra o amor de Deus.

“Judá profanou o santuário do SENHOR, o qual ele ama...” (v. 11) – Lembre-se do tema de Malaquias, “Eu vos amei, diz o Senhor” (1.2). É por causa do Seu amor que Deus estabelece tais padrões rígidos de santidade para o Seu povo. O pecado sempre causa dano. Mas, santidade traz grande alegria.

Muitas vezes esquecemos que o motivo por trás de todas as ações de Deus é o Seu grande amor! Nós somos como crianças rebeldes, que não querem comer alimentos nutritivos, escovar os dentes ou tomar banho. Assim, fugimos de casa, onde podemos comer toda a comida que queremos (lixo) e nunca escovar os dentes.

Satanás sempre tenta você com a promessa de gratificação imediata e a mentira de que Deus realmente não gosta de você ou Ele não iria mantê-lo de todo este prazer. Aqui está como isso funciona: você sabe que Deus não quer que você se case com um incrédulo, mas então aparece alguém tão adorável que convida você para sair e conversar. Você hesita, mas, em seguida, racionaliza, o que pode acontecer? Além disso, ninguém na igreja se interessa por mim! Aliás, não tem ninguém interessante na igreja. Então você diz sim, você aceita o convite para sair com o indivíduo incrédulo. Você planeja testemunhar para ele, mas a oportunidade não surge.

Em seguida, você fica surpreso porque a pessoa não parece com um incrédulo. Ele ou ela é decente, carinhoso, sensível, meigo, educado e inteligente. Assim você aceita sair novamente. Então, surge o primeiro beijo educado na porta. Seus sentimentos crescem mais forte e os beijos se tornam mais apaixonados. Você se sente amado e especial. Logo, você está fisicamente envolvido e a sua consciência o incomoda. Mas você racionaliza novamente, ele vai se tornar um cristão e vou me casar com ele.

No início deste sutil relacionamento está a sua rejeição pelo amor de Deus e Sua santidade. Antes de qualquer relacionamento, você precisa confiar que Deus realmente te ama e sabe o que é melhor para você. Isso inclui o Seu mandamento de não se casar com um incrédulo. Se você não quer ir ao altar com um ímpio, não aceite o primeiro convite para sair.

D. É um pecado sujeito a disciplina de Deus.

“O Senhor eliminará das tendas de Jacó o homem que fizer tal, seja quem for, e o que apresenta ofertas ao Senhor dos Exércitos.” (vs 12)

Toda desobediência traz consigo o juízo de Deus. Qual foi a consequência que os sacerdotes e o povo colheram ao se casarem com uma mulher estrangeira? “O SENHOR eliminará das tendas de Jacó...” (2.12). O amor de Deus não é incompatível com a sua disciplina. Na verdade, vem dele: “quem o Senhor ama, Ele disciplina” (Hb 12.6). Se meus filhos fizerem algo de errado eu vou discipliná-los. Mas, isso não significa que eu não os amo.

Malaquias declara que o homem que cometeu tal ato seria cortado e, possivelmente, a sua família também. Deus muitas vezes nos deixa experimentar as consequências naturais de nossos pecados.

Aqueles que se casaram com mulheres idólatras acreditavam que Deus perdoaria o pecado, inclusive daqueles que apresentavam a oferta (2.12). Aqui vemos a epítome da hipocrisia e insensibilidade.[5] Essa advertência chama a atenção para o julgamento que atingiu o sacerdote Eli. Ele e sua família foram cortados do sacerdócio, porque ele se recusou a disciplinar as práticas perversas de seus dois filhos a respeito de seu serviço Tabernáculo (1Sm 2.29-35).

Isto leva à outra parte da mensagem de Malaquias. Para um crente se casar com um incrédulo não é apenas um pecado contra Deus.

II. O casamento misto é um pecado contra o povo de Deus.

Você pode até pecar em secreto, mas as consequências, muitas vezes, atingirão as pessoas que amamos. Na verdade, nossas ações estão interligadas com a família e a sociedade. Quando pecamos, todo o povo é afetado (2.10). Existem duas maneiras de ferir os outros crentes quando você se casa com um descrente:

A. O Casamento misto fere o povo de Deus porque ele banaliza a aliança do Deus vivo com o Seu povo.

Malaquias pergunta: “Por que seremos desleais uns para com os outros, profanando a aliança de nossos pais?” (2.10). A palavra “desleal” (bagad, em hebraico) está relacionada com a palavra vestir ou cobrir. A ideia é que a deslealdade envolve engano. Ao se casarem com mulheres estrangeiras, o povo de Israel cobria ou escondia a aliança com Deus.

É por isso que quando um crente se casa com um incrédulo deve ser uma questão de disciplina na Igreja. Se um crente se casa com um incrédulo e não colhe consequências do seu ato, então os crentes solteiros na Igreja vão pensar, “ela parece feliz”, “mas eu ainda estou solteira”. “Nenhum jovem crente está disponível”. “Talvez eu deva me relacionar com algumas pessoas fora da Igreja, como ela fez”. Cuidado! Paulo declarou: “Não sabeis que um pouco de fermento leveda a massa toda?” (1Co 5.6).

B. O Casamento misto fere o povo de Deus porque banaliza a aliança do povo com o Deus vivo.

Essa é a implicação do versículo 12. Essas pessoas pensavam que poderiam desobedecer a Deus sobre este assunto mais importante e, em seguida, cobri-lo com alguns sacrifícios e seguir alegremente o seu caminho.

Você não pode se rebelar contra Deus em uma área tão importante como o casamento, em seguida, viver como se nada tivesse acontecido, esperando que Deus o ignore.

O que significa compromisso com Deus se não afeta o relacionamento mais significativo da vida? Além de seu relacionamento com Jesus Cristo, nada mais importa do que a escolha de um parceiro de casamento. Se você vai a Igreja e canta, “Oh, como eu amo Jesus”, mas se casa com um incrédulo, essa atitude diz que o seu compromisso com Cristo não faz nenhuma diferença sobre o seu modo de viver. Diante disto, você destrói o seu testemunho por Cristo diante dos seus amigos e familiares.

O casamento de Olivia L. Langdon com o escritor americano Mark Twain é um caso trágico sobre as consequências de um casamento misto. Olivia Langdon havia sido criada em um lar cristão por pais piedosos. Mas quando Twain, um crítico aberto da religião, a convidou em casamento, ela finalmente aceitou sua proposta, sem dúvida secretamente acalentando a esperança de que ele poderia ser convertido a Cristo pelo seu exemplo. No começo isso parecia estar acontecendo. Albert Biglow Paine em sua biografia abrangente de Twain registra que “sua bondade natural do coração, e, especialmente, o seu amor por sua esposa, o inclinavam aos ensinamentos e costumes de sua fé cristã...” Demorou muito pouco por parte de sua esposa em persuadi-lo e realizar orações familiares em sua casa, a graça antes das refeições, e a leitura devocional de um capítulo da Bíblia. “Um dos amigos de Clemens, que sabia que ele era um grande cético, registrou sua surpresa ao visitar a casa e descobrir Twain orando e participando do culto familiar”.

Infelizmente, Twain começou a expressar o desagrado para com o culto e disse a sua esposa, “Livy, você pode continuar com isso se você quiser, mas devo lhe pedir para me desculpar. Isto está me tornando um hipócrita. Eu não creio na Bíblia, ela contradiz a minha razão. Eu não posso sentar aqui e ouvi-la e deixar de acreditar em tudo o que considero, como você faz, à luz do Evangelho, a Palavra de Deus”.

Isso por si só teria sido uma grande tragédia, que deve ter marcado o fim das esperanças de Olivia para o marido. Mas algo ainda pior aconteceu. A descrença de Mark Twain teve uma influência desastrosa na vida de sua esposa, e Olivia gradualmente caminhou da dúvida para a morte de sua religião. Um dia, quando ela e sua irmã estavam andando pelos campos ela confessou com tristeza que tinha se afastado de suas visões ortodoxas. Ela tinha deixado de acreditar em um Deus pessoal que exercia a supervisão pessoal sobre cada alma humana, disse ela. Anos mais tarde, em um momento de luto, Twain tentou fortalecer sua esposa com as palavras, “Livy, se te conforta a inclinar-se sobre a fé cristã, faça isso”.

Ela respondeu: “Eu não posso, jovem [sua designação favorita para o marido]. Eu não tenho nenhuma”.[6]

Se você desobedecer a Deus e se casar com um não-cristão, não se engane com a crença de que você vai ser a causa da conversão dele. Pela graça de Deus, isso pode, eventualmente, acontecer. Mas, geralmente, não acontece! Casamentos mistos geralmente terminam em grande infelicidade ou divórcio. E mesmo que não seja o caso, você certamente vai sofrer por desobedecer a Deus.

Conclusão:

Se você, como cristão, já se casou com um incrédulo, então você precisa arrepender-se sinceramente perante o Senhor, lamentar o fato que você pecou contra Ele e o seu povo. O verdadeiro sacrifício para Deus é um coração quebrantado e contrito (Sl 51.17). Então você deve seguir as orientações de 1Coríntios 7.12-16. Paulo instrui aos crentes em casamentos mistos a não iniciar o divórcio. Você deve procurar demonstrar Cristo em casa e sua vida (1Pe 3.1-6), esses são os melhores sermões!

Se você está atualmente envolvido em um relacionamento romântico com um incrédulo, deve quebrá-lo imediatamente, antes que você fique envolvido ainda mais! Você já pisou em areia movediça espiritual. O casamento é difícil o suficiente quando ambos os parceiros estão empenhados em servir a Cristo e a Sua Palavra. Alguém pode indagar: Mas eu sei de casos em que um crente se casou com um incrédulo e tudo acabou bem. Sim, Deus é gracioso, muitas vezes em usar até mesmo os nossos pecados para o bem, quando nos arrependemos. Por exemplo, algumas pessoas tentam se suicidar, mas Deus em Sua graça e misericórdia, não permite a concretização deste ato trágico. Mas isso não significa que Deus vai poupar a vida de todos que desejam se suicidar. Você só está se dirigindo para uma vida de dor ao se casar com um incrédulo.

Se você conhece um cristão que está namorando um incrédulo, compartilhe essa mensagem com ela ou ele. Se você é pai, comece a clamar a Deus pelo casamento dos seus filhos. Ore para que Deus conceda aos seus filhos cônjuges piedosos.

Não caia na arapuca milenar de Satanás. Não despreze o amor de Deus por você!



Notas:

[1] Walvoord, J. F., Zuck, R. B., & Dallas Theological Seminary. (1985). The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Ml 2.10). Wheaton, IL: Victor Books.
[2] Walvoord, J. F., Zuck, R. B., & Dallas Theological Seminary. (1985). The Bible Knowledge Commentary: An Exposition of the Scriptures (Ml 2.11). Wheaton, IL: Victor Books.
[3] Levy, D. M. (1992). Malachi: Messenger of rebuke and renewal. Bellmawr, NJ: Friends of Israel Gospel Ministry.
[4] Wiersbe, W. W. (1996). The Bible exposition commentary (2Co 6.11). Wheaton, IL: Victor Books.
[5] Levy, D. M. (1992). Malachi: Messenger of rebuke and renewal. Bellmawr, NJ: Friends of Israel Gospel Ministry.
[6] Walter A. Maier, For Better, Not for Worse (Saint Louis: Concordia, 1935), 371.

Sobre o autor: Rev. Jocarli A. G. Junior é Bacharel em Teologia pelo Seminário Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição e Bacharel em Teologia pela Universidade Presbiteriana Mackenzie - São Paulo. Mestre em Divindade com ênfase em Pregação pelo Centro de Pós-graduação Andrew-Jumper - SP. Pastor da Igreja Presbiteriana em Tabuazeiro [Vitória/ES] desde 2009. 

Fonte:
IPB Tabuazeiro

VIA:

http://bereianos.blogspot.com.br/2015/01/o-perigo-do-casamento-misto.html#.VbrBdvnWGTw


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